Mais da metade (55%) dos brasileiros não vão ao dentista uma vez por ano, conforme o recomendado, segundo informações do Ministério da Saúde, obtidas em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Apesar da baixa adesão da população à saúde bucal, o Brasil é o país com a maior concentração de dentistas no mundo, com 395.953 profissionais em atividade e 71.292 clínicas prestadoras de assistência odontológica, de acordo com o CFO (Conselho Federal de Odontologia).
No dia 08 de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a lei que inclui a Política Nacional de Saúde Bucal, conhecida como Brasil Sorridente, na Lei Orgânica da Saúde. Assim, o acesso a atendimento odontológico no SUS (Sistema Único de Saúde) se torna obrigatório e a saúde bucal passa a ser um direito de todos os cidadãos.
O programa Brasil Sorridente foi criado em 2004, durante o primeiro mandato de Lula na Presidência. Em 10 anos, mais de 80 milhões de indivíduos foram atendidos pelo programa em todo o país. Segundo o Ministério da Saúde, foram realizados 260 milhões de procedimentos odontológicos por ano na última década.
Flaviana Coronel Vaz, cirurgiã-dentista que atua na Asa Sul, em Brasília (DF), destaca que, entendendo a parte social do direito à saúde, políticas públicas foram implementadas na área de odontologia, com tratamentos preventivos e curativos à população com atendimento integral e universal.
Para a profissional, a odontologia pública, universal e integral, desempenha um impacto socioeconômico significativo na população, pois traz melhoria na qualidade de vida por meio da prevenção de doenças bucais, educação e orientação a hábitos de higiene oral. Além disso, a odontologia acessível promove restauração da saúde bucal, reabilitação oral e melhoria da autoestima frente à sociedade e na relação de trabalho.
“A prevenção de doenças bucais traz redução dos gastos públicos, alívio aos pacientes com diagnósticos precoces e evita a intervenção de procedimentos mais complexos, como internações hospitalares, o que traz um impacto na diminuição das despesas públicas”, diz.
“Prevenir é o melhor remédio”
Vaz ressalta que o cuidado com a saúde bucal está ligado a hábitos de limpeza diária. “A prevenção é o melhor caminho para evitar as principais doenças bucais, dentre elas a cárie, gengivite e periodontite”, diz. Ela destaca que todas essas doenças podem levar à perda dos dentes. A periodontite, por exemplo, causa a reabsorção do osso que sustenta o dente e, em casos avançados, leva à mobilidade e perda dentária.
“A cárie atinge 60% das crianças jovens, e a gengivite e periodontite os adultos. Essas doenças podem ser evitadas adotando medidas preventivas como boa higiene bucal, e consultas regulares ao dentista”, ressalta.
A cirurgiã-dentista destaca que os cuidados com o sorriso são essenciais: “Ir ao dentista regularmente ajuda na manutenção da saúde bucal, pois, nas consultas regulares, o profissional pode identificar problemas previamente e intervir de maneira mais eficiente, evitando complicações mais severas”.
Para Vaz, é preocupante o fato de que a maior parte da população não vai ao dentista regularmente. Para ela, é preciso haver uma conscientização para que os cidadãos possam compreender a importância das consultas regulares ao profissional da saúde.
“Nas consultas, o paciente recebe orientação sobre hábitos de higiene oral e é possível avaliar problemas de mastigação, fala e, até mesmo, fazer o diagnóstico prévio de câncer bucal”, afirma. “Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), o Brasil é o terceiro país com o maior número de ocorrências de câncer de boca, com 15 mil casos por ano”, destaca.
Atenção à saúde bucal promove bem-estar
Nas palavras de Vaz, entendendo a importância da saúde bucal, é preciso atentar para a prevenção de doenças bucais. Por isso, não se deve esperar os sintomas se manifestarem para ir ao dentista. “A recomendação é de que, no mínimo a cada seis meses, pessoas de todas as idades passem por uma consulta odontológica para fazer o acompanhamento da sua saúde bucal”.
A atenção à saúde bucal também é importante para os bebês, que estão iniciando sua primeira dentição, e para os idosos, pois ambas as fases da vida demandam cuidados específicos, complementa.
A profissional destaca que o dentista, no acompanhamento periódico, fará o tratamento preventivo como limpeza, remoção de tártaro, aplicação de flúor e selantes em dentes decíduos, além de educar e orientar o paciente no cuidado com saúde bucal.
“Os benefícios do tratamento odontológico, além da prevenção, abrangem procedimentos atendendo à necessidade de cada paciente, como: tratamento de canal, endodontia, reabilitação oral por meio de próteses fixas e removíveis, implantes dentários que substituem os dentes naturais, uso de aparelhos ortodônticos para correção dos dentes, favorecendo a mastigação, fonação e estética”, detalha.
Para concluir, Vaz explica que os tratamentos odontológicos preventivos e curativos são importantes para uma boa condição de saúde bucal, bem como para atender de forma específica à necessidade do paciente. “Manter a saúde bucal em dia promove reabilitação oral e devolve as funções da mastigação, além de favorecer a estética e melhorar a autoestima, o que leva à melhoria da qualidade de vida”, finaliza.
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