A população do Distrito Federal contará com um novo sistema de acompanhamento da Doença de Chagas (DC) pelo Programa e-SUS Notifica . A Secretaria de Saúde (SES) – que já monitora os casos agudos na rede pública de saúde – passa a usar a ferramenta para registrar também a forma crônica da doença, que pode se desenvolver quando não ocorre a cura na fase aguda. O novo monitoramento vai aprimorar os processos de vigilância epidemiológica e garantir a qualidade dos dados registrados.
O DF não apresenta cenário de transmissão, ou seja, não há registro de infecções recentes de moradores. Por cuidado, no entanto, a enfermidade segue na atenção da área de Saúde, que acompanha pacientes infectados em outras regiões do Brasil e com sequelas da doença.
A gerente de Vigilância das Doenças Transmissíveis, Kênia Oliveira, explica que o monitoramento só ocorria para os casos agudos, mesmo sem notificações no DF. “A implementação do Sistema de Notificação da Doença de Chagas permitirá saber quem são e onde estão as pessoas afetadas e compreender a magnitude da doença na capital. Hoje, o nosso foco tem sido em gestantes e nos filhos de mães positivas [para Chagas].” Com a nova estratégia do Ministério da Saúde, os profissionais conseguirão dar uma devolutiva mais aprofundada sobre a enfermidade.
A Doença de Chagas é causada pelo protozoárioTrypanosoma cruzi, hospedado pelo barbeiro, um tipo de percevejo. Apresenta uma fase aguda, que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, a qual pode se manifestar nas formas indeterminada (assintomática), cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.
“É muito mais difícil encontrar o animal na área urbana porque ele precisa das condições necessárias para viver. Ele gosta de lugares úmidos, escuros, sujos e com frestas”Vilma Feitosa, bióloga na Gerência de Vigilância Ambiental de Vetores e Animais Peçonhentos e Ações de Campo
Vulnerabilidade
A vigilância é fundamental, pois, segundo o Boletim Epidemiológico: Territorialização e vulnerabilidade para Doença de Chagas Crônica do Ministério da Saúde, o DF tem o terceiro maior índice de vulnerabilidade para Chagas crônica do país, atrás de Goiás e Minas Gerais, respectivamente.
De acordo com a área técnica, o monitoramento da infecção porTrypanosoma cruzina população vai proporcionar dados essenciais para o planejamento e a definição de estratégias de vigilância epidemiológica e de atenção à saúde. O objetivo é reduzir os impactos negativos que a doença provoca na vida das pessoas.
A SES também acompanha e atua na prevenção de barbeiros por meio da Vigilância Ambiental. Atuante na área há mais de 40 anos, Vilma Feitosa, bióloga na Gerência de Vigilância Ambiental de Vetores e Animais Peçonhentos e Ações de Campo, ressalta que a circulação do inseto continua, principalmente, no período chuvoso, iniciado em outubro, sendo a presença no DF em mais de 90% na área rural.
“É muito mais difícil encontrar o animal na área urbana porque ele precisa das condições necessárias para viver. Hoje, as casas são rebocadas e o inseto tem mais dificuldade de se esconder. Ele gosta de lugares úmidos, escuros, sujos e com frestas, em locais muito próximos à fonte de alimento”, alerta a especialista. Por isso, era comum ser encontrado em casas de pau a pique. Na cidade, pode ser localizado em quintais junto a galinheiros e canis, por exemplo.
Controle no DF
Caso o cidadão suspeite ter visto um barbeiro, pode entregar o inseto em um dos 84 pontos disponibilizados pela SES . Caso haja a confirmação de que o percevejo é mesmo o barbeiro, uma equipe retorna ao domicílio e realiza uma inspeção à procura de outros exemplares e, se necessário, intervém com a utilização de inseticida apropriado. A espécie predominante no DF é aPanstrongylus megistus.
Perfil de paciente de risco para a Doença de Chagas
? Ter morado ou morar em área com relato de presença do vetor transmissor (barbeiro) e/ou em habitação onde possa ter ocorrido o convívio com vetor transmissor;
? Residir ou ser procedente de área com registro de transmissão deTrypanosoma cruziou com histórico epidemiológico sugestivo da ocorrência da transmissão da doença;
? Ter feito transfusão de sangue ou hemocomponentes antes de 1992;
? Possuir familiares ou pessoas do convívio habitual que tenham diagnóstico da enfermidade, em especial mãe e/ou irmão(s) com infecção comprovada.
*Com informações da Secretaria de Saúde
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