O dia do produtor Ademir Gomes começa cedo. Não são nem 5h e o morador da zona rural de Ceilândia já está de pé. Com um oxímetro nas mãos, percorre os dez tanques que mantém em sua propriedade conferindo o nível de oxigênio da água. Ele aproveita para checar também a temperatura e o pH dos reservatórios. A rotina rígida garante o crescimento adequado das tilápias e piaus responsáveis pelo sustento da família.
Números da Emater apontam que os moradores da capital federal consomem cerca de 45 mil toneladas de peixe por ano. Os piscicultores locais abasteceram o mercado em 2022 com 1.881 toneladas do alimento, um crescimento de 14,9% em relação a 2019.
“É uma atividade que tem crescido bastante, porque usa menos mão de obra e garante uma margem de lucro maior. Além disso, tudo o que é produzido consegue ser vendido no mercado local”Adalmyr Borges, coordenador do Programa de Aquicultura da Emater
Ademir é um dos 782 piscicultores cadastrados pela Emater-DF, número registrado em 2022. ?“Eu, minha esposa e meu genro conseguimos produzir cerca de 15 toneladas de pescado por ano”, orgulha-se. “Até 2014, a gente plantava hortaliças. Mas era um ritmo de trabalho desgastante, que exigia a contratação de muita mão de obra. Agora, com a produção de peixe, vivemos com mais qualidade de vida. E temos mais tempo para aproveitarmos a família”, completa Ademir.
?A transição do cultivo de cheiro verde para a criação de peixes foi feita com a ajuda da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF). Os técnicos da entidade ensinaram tudo o que Ademir precisava saber para iniciar o negócio. “Eles me ajudaram com as autorizações, explicaram sobre os tipos de ração, sobre a importância da qualidade da água…”, conta Ademir. “Nosso negócio cresce a cada ano, estamos satisfeitos”.
Entre os piscicultores de todo o Brasil, a tilápia reina como a favorita para o cultivo. No DF não é diferente. “É uma espécie que, além de ter caído no gosto do consumidor, oferece mais disponibilidade de alevinos [peixes que acabaram de sair dos ovos] e técnicas de criação mais acessíveis”, explica Adalmyr. “Pouco mais de 90% da produção local é composta por tilápia. O restante fica dividido entre piau, pacu, tambaqui e pintado”.
?Bom negócio
?O número de piscicultores no DF é um recorde dos últimos 12 anos. Mas não refletiu em um aumento significativo da produção. De acordo com o coordenador do Programa de Aquicultura da entidade, Adalmyr Borges, apenas 90 criadores vendem os pescados no comércio. “O restante mantém os tanques por hobbie, para pescar”, explica.
Segundo Adalmyr, a piscicultura vem crescendo no Distrito Federal. Isso porque a venda da produção no comércio local é garantida pela alta procura de pescado.“É uma atividade que tem crescido bastante, porque usa menos mão de obra e garante uma margem de lucro maior. Além disso, tudo o que é produzido consegue ser vendido no mercado local”, afirma Adalmyr. “Atualmente, o valor bruto do cultivo de peixes no DF chega a R$ 23 milhões por ano”, calcula o veterinário.
?A Emater-DF dá todo o apoio necessário para os piscicultores, ensinando sobre manejo adequado do pescado, alimentação dos animais, tanques mais apropriados, qualidade da água e autorizações necessárias para quem quer criar peixes. Basta procurar um dos 16 escritórios da entidade para agendar uma consultoria – o endereço e telefone de cada um deles estão disponíveis no site da instituição .
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