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Geral Arte e Cultura

Godard e a ‘nova onda’ em destaque no Cine Brasília

Mostra especial com cinco títulos essenciais homenageia o ícone do movimento 'Nouvelle Vague'

30/06/2023 14h15
Por: Jornal Alternativa Fonte: Agência Brasília
Agência Brasília
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Falecido em 2022, aos 91 anos, o anárquico cineasta Jean-Luc Godard deixou um legado precioso ao cinema mundial com seu estilo moderno, inventivo e autoral, quando deixou a condição de crítico da respeitada revistaCahiers du Cinémapara dirigir filmes no estilo “faça-você-mesmo”. Junto com outros nomes do movimentoNouvelle Vague, influenciou gerações de realizadores audiovisuais – dos quais se destacam no Brasil Glauber Rocha e Rogério Sganzerla -, mas também provocou cizânias dentro do segmento.

“Dividida claramente em três períodos, a carreira de Godard é em si mesma ilustrativa e uma reafirmação de sua importância para o cinema que se imagina ‘futuro’ – considerando inclusive a nossa contemporaneidade. Quando surge em 1959, com Acossado, a motivação inicial de Jean-Luc Godard era um sentido de liberdade absoluta da linguagem”Sérgio Moriconi, crítico de cinema e jornalista

Enfim, há os que veneram a obra do artista franco-suíço e os que a odeiam. Mas jamais passam despercebidos por seu talento e provocações. A prova dos nove pode ser tirada com a exibição de cinco títulos essenciais da filmografia do diretor a partir desta sexta-feira (30), no Cine Brasília, em sessões realizadas sempre às 18h30. A minimostra5X Godardé realizada com apoio da Cinemateca da Embaixada da França, junto com oInstitut Française tem entrada no valor único de R$ 5.

Trata-se de experiência única rever esses petardos marcados não apenas por provocações estéticas e improvisos calculados, mas também de conteúdo, com histórias marcadas por cortes bruscos, câmera tremida, narrativas libertárias e diálogos existencialistas. “Dividida claramente em três períodos, a carreira de Godard é em si mesma ilustrativa e uma reafirmação de sua importância para o cinema que se imagina ‘futuro’ – considerando inclusive a nossa contemporaneidade”, atesta o crítico de cinema e jornalista, Sérgio Moriconi. “Quando surge em 1959, com Acossado, a motivação inicial de Jean-Luc Godard era um sentido de liberdade absoluta da linguagem”, observa o especialista.

Primeira trama de Godard, Acossado (1959) traz o descolado ator Jean-Paul Belmondo na pele de um fora da lei flanando pelas ruas de Paris ao lado da bela Jean Seberg | Imagens: Divulgação
Primeira trama de Godard, Acossado (1959) traz o descolado ator Jean-Paul Belmondo na pele de um fora da lei flanando pelas ruas de Paris ao lado da bela Jean Seberg | Imagens: Divulgação

Os filmes

A cereja do bolo, de fato, é o seminalAcossado(1959), primeira trama de Godard que traz o descolado ator Jean-Paul Belmondo na pele de um fora da lei flanando pelas ruas de Paris ao lado da bela Jean Seberg. A narrativa clássica de filmes de perseguição, então tão badalada em Hollywood, aqui ganha desconstrução elegante e original. Já no amargo dramaO Desprezo(1963), o diretor flerta com a metalinguagem para falar da conturbada relação amorosa entre uma estrela de cinema e seu marido roteirista. No elenco, além da diva Brigitte Bardot, o astro americano Jack Palance e o diretor alemão Fritz Lang.

Alphaville (1965) presta homenagem, bem ao estilo godardiano, aocinema noir, gênero americano por excelência
Alphaville (1965) presta homenagem, bem ao estilo godardiano, aocinema noir, gênero americano por excelência

Rodado em 1965, Alphaville, com sua fotografia soturna e enredo distópico, presta homenagem, bem ao estilo godardiano, aocinema noir, gênero americano por excelência. Enfeixados dentro de narrativa maluca, como sugere o título original, mas com pitadas de lirismo, o coloridíssimoO Demônio das Onze Horas– também de 1965 e também estrelado por Belmondo -, traz releitura instigante da mítica trajetória dos bandidos-amantes, Bonnie e Clyde. Fascinado pela obra, o cineasta Rogério Sganzerla faz sutil homenagem ao filme no seu, igualmente vanguardista,O Bandido da Luz Vermelha(1969).

Um ponto de transição na carreira do diretor,A Chinesa(1967) aflora o lado político de Godard numa trama que parecia antever o revolucionário Maio de 1968 e as guerrilhas urbanas que iriam pipocar mundo afora sob o calor da Guerra Fria. “O Godard é algo essencial no que diz respeito à técnica e narrativa cinematográfica, antecipando o que hoje é bastante comum e até vulgarizado na linguagem ‘internética’, que é o uso na edição dojump cut”, destaca o professor de cinema, Alex Vidigal.

Serviço
5X Godard, no Cine Brasília
– De sexta a quarta, sempre às 18h30, com ingresso a R$ 5

Programação completa do Cine Brasília
– Sexta (30): Acossado
– Sábado (1º): O Desprezo
– Domingo (2): O Demônio das Onze Horas
– Segunda (3): Alphaville
– Terça (4): A Chinesa
– Quarta (5): Acossado.

*Com informações da Secec

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