O sistema de consórcios administrou ativos de R$ 459 bilhões em 2022. Essa é a somatória de todos os créditos contratados pelos consorciados ativos ao final daquele ano. A alta de 31,9% em relação a 2021 representa não apenas o sucesso crescente do sistema de consórcios, mas a importância do setor e desse indicador para a previsão de demanda do mercado consumidor. Muitos desses créditos ainda serão injetados no mercado quando mais consorciados forem contemplados.
A previsão de demanda é parte fundamental de uma das atividades rotineiras das empresas, governos e entidades: a elaboração do orçamento anual. Prever a demanda consiste em estimar o que possivelmente pode acontecer em períodos futuros e o que pode trazer impactos em pontos sensíveis da empresa, como a planificação da produção, o fluxo de caixa, entre outros.
“Por demanda entende-se a quantidade de bens ou serviços que o mercado consumidor deseja adquirir de acordo com os preços praticados. Portanto, demanda não é consumo efetivo, mas o desejo de consumir”, explica Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios.
É aí que entram os dados do sistema de consórcios. Ao divulgar o balanço dos ativos administrados do setor, a ABAC apresenta de fato o indicador de demanda de bens e serviços que os consorciados pretendem comprar a partir do momento das contemplações e consequentes liberações de créditos.
Segundo dados levantados pela ABAC junto ao Banco Central do Brasil, a análise da evolução, ano após ano, desde 2014, aponta 188,7% de crescimento contra uma inflação acumulada no mesmo período de 73,2%, medida pelo IPCA e divulgada pelo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, “ou seja, um crescimento real de 66,6% em nove anos”, conclui.
Em outra avaliação, ao relacionar os acumulados financeiros das contemplações, naquele período, verifica-se que, em média, 18,6% dos totais anuais dos ativos administrados foram disponibilizados aos consorciados para a aquisição de bens e contratação de serviços, visando usufrutos, obtenção de rendimentos, formação ou ampliação patrimoniais, entre outros.
Segundo Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, “esse percentual médio constata, apenas, que os objetivos pretendidos pelos participantes ativos comprovam que o planejamento para aquisição de veículos, máquinas agrícolas, motos, imóveis, entre outros, pela modalidade, seguem a essência da educação financeira”.
Pelo lado produtivo, o mesmo indicador sinaliza o impacto nas projeções das produções industriais como, por exemplo, nas automotivas. “Tais recursos impulsionam também o mercado imobiliário, com os créditos injetados nas construtoras, incorporadoras e imobiliárias”, segue Rossi. “No segmento de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis a gama de produtos é infindável, isto sem falar no consórcio de serviços”, finaliza.
Ao concluir, Rossi aponta que “existe um componente fundamental em todo processo de planejamento: a projeção de cenários. Podem ocorrer mudanças no mercado, tais como explosão de consumo, recessão etc., contudo, a abrangência do Sistema de Consórcios, ao beneficiar a economia com fluxos contínuos de recursos, de certa forma, contribui para minimizar eventuais oscilações”.
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