Quinta, 21 de Novembro de 2024 13:07
1147064020
Esportes Esportes

Doença celíaca atinge cerca de 2 milhões de brasileiros

Segundo dados da Federação Nacional das Associações de Celíacos no Brasil, aproximadamente 2 milhões de brasileiros são acometidos pela doença celí...

26/05/2023 18h20
Por: Jornal Alternativa Fonte: Agência Dino
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A Federação Nacional das Associações de Celíacos no Brasil (FENACELBRA) apontou que cerca de 2 milhões de brasileiros têm a doença celíaca, sendo que a grande maioria, em torno de 80%, ainda não têm o diagnóstico conhecido. A prevalência nos países ocidentais é de cerca de 1% da população geral, mas está aumentando significativamente em outras partes do mundo.

Diante deste cenário, com o objetivo de conscientizar a população sobre o impacto desta patologia, foi criada a campanha Maio Verde, tendo em vista que a condição quando não diagnosticada precocemente e/ou tratada adequadamente pode causar desde de sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, distensão e alteração do hábito intestinal, a manifestações extra-intestinais, como perda de peso, anemia, deficiências nutricionais, osteopenia, osteoporose, transtornos de humor, como ansiedade e depressão, enxaqueca, problemas neurológicos, como ataxia e epilepsia, infertilidade e irregularidade menstrual, além de lesões na pele (dermatite herpetiforme) e câncer de intestino.

A doença celíaca, que possui predisposição genética, é uma doença imunomediada contra o glúten - proteína presente no trigo, centeio e cevada. A condição é autoimune, ou seja, as células de defesa imunológica do corpo humano agridem as células do próprio organismo frente a presença do glúten, causando, na sequência, um processo inflamatório no intestino delgado, que, com o passar do tempo, leva a atrofia das vilosidades intestinais - estruturas responsáveis por otimizar o processo de absorção dos nutrientes.

Segundo o gastroenterologista e diretor de comunicação da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), Dr. Áureo Delgado, a patologia é comum em todo o mundo e a sua prevalência aumentou significativamente nos últimos 20 anos: “A doença celíaca ainda representa um iceberg estatístico com muito mais casos não diagnosticados do que diagnosticados, mas graças às melhores ferramentas diagnósticas e a avaliação direcionada dos pacientes que são considerados de alto risco para a condição, novos casos foram descobertos, de forma que possamos controlar os sintomas e, assim, dar ao paciente uma melhor qualidade de vida,” destaca o médico.

No geral, os primeiros sintomas podem surgir na infância e a criança pode apresentar dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso e desnutrição. No entanto, isso não é regra. A patologia pode afetar também todas as faixas etárias e algumas pessoas podem desencadear a doença na vida adulta, inclusive, na melhor idade. Nesta fase, o paciente pode apresentar apenas as manifestações extra-intestinais, conforme citado anteriormente, como também dor abdominal, flatulência, vômitos, alteração do hábito evacuatório e sintomas de refluxo.

De acordo com o Dr. Áureo, atualmente cerca de 70% dos novos pacientes são diagnosticados acima dos 20 anos de idade e o risco para desenvolver a doença celíaca é maior em parentes de primeiro grau (até 10%), pessoas com diabetes tipo 1 e outras doenças autoimunes, Síndrome de Down e demais patologias associadas. Além disso, manifestações clinicamente severas podem ocorrer durante a gravidez ou durante o puerpério, em até 17% das pacientes.

Muitos pacientes são assintomáticos e são diagnosticados apenas durante uma triagem médica, por isso, a importância de uma anamnese minuciosa. O diagnóstico envolve uma série de testes, incluindo a dosagem de anticorpos no sangue, biópsia do intestino através da endoscopia, e, em alguns casos, teste genético.

Embora a doença não tenha cura, o gastroenterologista alerta: " É importante que as pessoas com a doença celíaca mantenham um estilo de vida saudável, o que engloba uma alimentação equilibrada isenta de glúten e a prática de atividade física, além de uma boa relação médico-paciente para que, juntos, possamos obter um tratamento de excelência.”

Alimentação: dieta sem glúten para os celíacos
Ainda que seja muito difícil para os celíacos conviverem com a retirada do glúten em consequência da doença, é fundamental que os pacientes sigam as instruções do médico gastroenterologista e do nutricionista, tendo em vista que a exclusão do glúten deverá ser feita rigorosamente: “Percebo que o grande dilema para as pessoas que são acometidas por esta condição é no momento do diagnóstico e, na sequência, imaginar como será uma dieta isenta de glúten. Mas, esta medida é totalmente necessária para que tenham uma vida mais saudável e evitem, futuramente, problemas de saúde mais complexos, como o câncer no sistema digestivo,” afirma Dr. Áureo.

Ainda segundo o gastroenterologista, após a introdução da dieta sem glúten, o controle deverá incluir testes de anticorpos específicos e endoscopia digestiva alta com biópsia em periodicidade a depender da resposta do paciente a dieta sem glúten: “A exclusão total do glúten é, ainda, o único tratamento recomendado para tratar a doença celíaca. No entanto, a condição caminha para uma nova era e há pesquisas sendo realizadas neste sentido, mas que ainda estão em fase de testes,” relata o médico.

É primordial que o paciente seja sempre acompanhado por um nutricionista para boa adesão à dieta sem glúten e livre de contaminação cruzada.

Vida sem glúten - A Federação Brasileira de Gastroenterologia está engajada nesta causa
A campanha visa promover também o impacto econômico da doença celíaca (custos das complicações, absenteísmo, etc), trabalhar a importância de políticas públicas voltadas para a inclusão alimentar (como em outros países, por exemplo, na Argentina) e exigir rotulagem correta e fiscalização dos produtos. A Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) desenvolverá, ao longo deste mês, várias ações presenciais, por meio de suas associações estaduais.

Para fortalecer ainda mais o movimento, a Federação disponibiliza em suas redes sociais conteúdos informativos sobre a doença, diagnóstico, tratamento e demais temas relacionados à patologia. Ainda com foco no Maio Verde, a FBG criou também um site exclusivo para a campanha, cuja finalidade é alertar o cidadão sobre este assunto, que, ainda, é pouco divulgado e tratado nos veículos de comunicação do país.

Este texto não substitui uma consulta médica. Em caso de dúvidas, um gastroenterologista deve ser consultado.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.