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Quais são os principais mitos sobre a glândula tireoide?

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) esclarece principais dúvidas e alertas para a importância de se abordar o assunto

25/05/2023 12h15
Por: Jornal Alternativa Fonte: Agência Dino

A tireoide, glândula em forma de borboleta localizada na parte frontal do pescoço, vital para o funcionamento do organismo, tem sua importância lembrada em função do Dia Internacional da Tireoide (25/05). A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), realiza todos os anos, uma campanha, e em 2023, o foco é esclarecer mitos que envolvem a glândula.

A tireoide é responsável pela produção de hormônios tireoidianos, que controlam o metabolismo do corpo e são importantes para o crescimento e desenvolvimento, regulação do peso, temperatura corporal, batimentos cardíacos, níveis de energia e funcionamento do sistema nervoso central.

Vários distúrbios podem afetar a tireoide, sendo os mais comuns o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. O hipotireoidismo ocorre quando a glândula não produz hormônios suficientes, levando à diminuição no metabolismo e sintomas como fadiga, ganho de peso, constipação, pele seca, queda de cabelo, e outros. O hipertireoidismo ocorre quando a glândula produz hormônios em excesso, aumentando o metabolismo e causando sintomas como perda de peso, aumento da frequência cardíaca, tremores, ansiedade, irritabilidade, entre outros.

Além desses distúrbios, a tireoide pode ser afetada por nódulos ou câncer de tireoide. O diagnóstico é feito através de exames de sangue, que avaliam os níveis dos hormônios tireoidianos e do hormônio estimulante da tireoide (TSH), além de ultrassonografia ou biópsia para avaliar nódulos ou suspeita de câncer. O tratamento pode incluir medicamentos para reposição hormonal no hipotireoidismo, medicação para reduzir a produção hormonal no hipertireoidismo, cirurgia para remover nódulos ou câncer.

Dentre os mitos mais comuns em relação à tireoide destacados na campanha da SBEM, está a necessidade de suplementação de iodo para evitar problemas na glândula. Sobre o tema, o endocrinologista Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM, esclarece que, apesar de o iodo ser fundamental para a fabricação dos hormônios tireoidianos, a suplementação não é indicada para população brasileira, já que o país apresenta uma legislação que obriga a adição de 15 mg a 45 mg de iodo por quilo de sal para consumo humano, considerado suficiente. “Tanto a falta como o excesso de iodo podem causar doenças na tireoide. Por essa razão, não devemos suplementar iodo de rotina na população brasileira”, afirma. O médico ressalta ainda, que o excesso de iodo tem sido associado a hipotireoidismo, hipertireoidismo, doença autoimune de tireoide, aumento do tamanho da tireoide, doenças cardiovasculares. 

Com relação à dietas e tireoide, outro mito comum, o endocrinologista afirma que, no geral, não há dieta específica recomendada e que uma alimentação com sal de cozinha marinho (sal iodado) sem exageros, peixes, ovos, folhas verdes escura e castanhas (em especial a do Pará), costuma ter a quantidade ideal de nutrientes para a saúde da tireoide. “Infelizmente vemos muitas pessoas com diagnóstico de disfunção tireoidiana procurarem evitar a terapia convencional de reposição hormonal com a levotiroxina e, em vez disso, recorrerem a abordagens alternativas e dietas para o tratamento. Contudo, essas condutas populares não têm benefícios comprovados ou não foram bem estudadas”, afirma Danilo Villagelin.

Sobre o mito que envolve o uso dos hormônios tireoidianos com o objetivo de emagrecer, Villagelin esclarece que a suplementação não é recomendada para indivíduos com função tireoidiana normal. “Embora alguns estudos sugerissem possíveis mecanismos pelos quais os hormônios tireoidianos poderiam apresentar certo efeito sobre a perda de peso, vários trabalhos científicos têm relatado baixa eficácia, além de associação com perda de massa magra e ocorrência de efeitos deletérios sobre o metabolismo ósseo”, destaca o endocrinololgista. Além disso, segundo o especialista, o excesso de hormônios tireoidianos pode favorecer a ocorrência de arritmias, insuficiência cardíaca e eventos isquêmicos.

No tocante à possibilidade de usar formulações manipuladas dos hormônios tireoidianos, o médico da SBEM esclarece que não é algo recomendado. “Para o tratamento do hipotireoidismo é realizada a reposição do hormônio tireoidiano T4 na forma sintética, a levotiroxina sódica, sendo que pequenas variações na dose de levotiroxina administrada ou na quantidade absorvida podem ter consequências clínicas”. O controle na produção do medicamento, de acordo com o médico, deve ser rigoroso e fiscalizado por órgãos competentes. “Como não é possível garantir a bioequivalência entre diferentes formulações comerciais, é recomendável evitar mudanças na formulação durante o tratamento”, acrescenta Villagelin.

Outro mito é o fator hereditário do nódulos da tireoide. De acordo com o Danilo Villagelin, na prática clínica, é difícil estabelecer a causa para o problema em um indivíduo em particular. “Os nódulos tireoidianos podem resultar de fatores genéticos e ambientais, tais como a suficiência de iodo, tabagismo e a presença de fatores metabólicos e desreguladores endócrinos”. Danilo Villagelin destaca que são mais frequentes em mulheres e com o avançar da idade.

O mesmo pode-se dizer sobre o câncer. “Na maioria dos casos, a causa do câncer de tireoide não pode ser estabelecida. Eles podem ou não apresentar caráter hereditário, estar associados à exposição a elevadas doses de radiação, especialmente na infância, histórico familiar de câncer de tireoide, idade superior a 40 anos de idade”, elenca Villagelin. Vale lembrar que existem vários tipos de câncer da tireoide e, no Brasil, trata-se do quinto câncer mais comum entre as mulheres.

Com relação ao risco de câncer relacionado à exposição à radiação, especialmente em exames como a mamografia, a campanha da SBEM afirma que este é também um mito. “Mas, deve-se minimizar a exposição à radiação fazendo apenas exames clinicamente necessários”, afirma Danilo Villagelin. A exposição a altas doses de radiação, especialmente durante a infância, segundo o médico, aumenta o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer.   

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