As intervenções bem-sucedidas de incentivos fiscais dependem de um desenho de programa eficaz – tratando-se de um grande desafio. Os formuladores de políticas precisam chegar a um ponto ideal sobre o valor (máximo) do incentivo, sua duração, quem é elegível e se devem visar empresas específicas diante de assimetrias de informação significativas sobre o que funciona para estimular PD&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação). Afinal, recursos públicos são finitos.
De acordo com o Relatório do Ecossistema de Startups (2022), o Brasil ocupa a 26ª posição entre os 100 países mais empenhados em transformar inovação em produto ou serviço. Já a cidade de São Paulo apresentou o maior salto no top 20 de sua categoria, ocupando a 16ª posição global e liderando na América Latina - o que demonstra o quanto o estado tem se esforçado em dar condições para que se invista mais em PD&I, muito em razão das parcerias firmadas entre instituições de ensino e parques tecnológicos – que são clusters de empresas jovens e com grandes ideias.
Segundo a gerente de inovação da consultoria internacional G.A.C. Brasil, Débora Beraldo, “os incentivos fiscais são fundamentais porque reduzem o custo da inovação. Portanto, deveriam corresponder diretamente a um maior esforço inovador e resultar em produtos com maior grau de novidade”. O Brasil tem pelo menos cinco incentivos fiscais que contribuem para incentivar PD&I:
Débora chama atenção para o que outros países têm feito para alimentar o ecossistema de inovação. “No Reino Unido, há mudanças contínuas na disponibilidade, escopo e generosidade dos incentivos fiscais para PD&I”. Naqueles países, as taxas marginais implícitas de subsídios fiscais à PD&I para as PME (lucrativas e deficitárias) aumentaram desde a introdução de um subsídio fiscal específico no ano 2000. Esse aumento esteve diretamente relacionado com o aumento gradual das taxas de dedução fiscal das PME.
Nação que se mantém em primeiro lugar no Top 20 países com melhor ecossistema para startups, os Estados Unidos também vêm promovendo reformas regulares de incentivos fiscais para PD&I, levando a mudanças contínuas na disponibilidade, escopo e generosidade dos incentivos fiscais. A última mudança na concepção do crédito fiscal de PD&I nos Estados Unidos ocorreu em 2016, quando o crédito fiscal FR&E (móveis, equipamentos, máquinas e instalações) tornou-se permanente e uma compensação de impostos sobre a folha de pagamento de até US$ 250.000 foi introduzida para algumas empresas iniciantes. “O governo norte-americano entende o quanto é importante fomentar um ecossistema favorável à inovação, com todos os riscos implícitos. Além disso, a desburocratização de alguns processos é muito bem-vinda para que os negócios aconteçam”, diz a especialista em inovação.
Por fim, Débora cita o caso de Israel, que, “apesar de ser um país de nove milhões de habitantes (menos que a cidade de São Paulo), e enfrentar escassez de água de modo crônico até recentemente, desenvolveu uma economia vibrante, bem como um dos mais dinâmicos ecossistemas de inovação e empreendedorismo do mundo com atributos únicos”. Naquele país há uma alta concentração de startups e empresas de base tecnológica que oferecem produtos ou serviços inovadores com potencial de escalabilidade. Dados do StartupBlink, centro de pesquisa que mapeia ecossistemas de inovação no mundo, mostram que Israel tem 1.748 startups, uma média de uma startup para cada 5.000 habitantes. O Brasil tem em média uma startup para cada 180 mil habitantes. "Integrar melhorias nas condições da Lei do Bem e promover maior abertura para que se invista em novas tecnologias também poderá ampliar o fomento à inovação”.
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