A advogada Marinete da Silva, 71 anos, mãe da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2019, esteve no início da tarde desta sexta-feira (10) na sede daEmpresa Brasil de Comunicação (EBC), em Brasília. Marinete visitou o Memorial das Palavras Proibidas, que tem um painel com a ilustração do rosto da filha.
No tributo, há um desenho da vereadora no qual é possível ler, nos cabelos cacheados, a mesma pergunta escrita em vários idiomas: “Quem mandou matar Marielle?”. O painel traz centenas de palavras escritas à mão pelos empregados daEBC– termos que foram proibidos e censurados ao longo dos últimos anos na empresa e também assuntos que não puderam ser tratados pelos veículos de comunicação de rádio, agência e TV. Marielle era um dos temas censurados.
Durante a visita à sede daEBC, Marinete da Silva escreveu “Marielle Presente” e “Justiça” no painel em homenagem à filha.
A poucos dias da data que marca os cinco anos da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista da parlamentar, Anderson Gomes, Marinete da Silva disse à Agência Brasil e à TV Brasil que espera por Justiça e pela elucidação do crime, com o devido apontamento dos nomes dos mandantes dos assassinatos.
“A gente vai continuar com muita esperança (...) A gente sabe que, depois de 5 anos, muitas provas foram perdidas. Meia década! E a gente está nas ruas para reivindicar, para saber quem são os mandantes, quem cometeu, quem planejou, quem acobertou. E o novo governo também faz isso para gente”, comentando a instauração, em fevereiro, de novo inquérito da Polícia Federal para ampliar a colaboração nas investigações dos dois homicídios, no Rio de Janeiro.
NaEBC, Marinete foi recebida pelo diretor-presidente da empresa, Hélio Doyle, pela diretora de Jornalismo, Flávia Filipini, além de ser acolhida por dezenas de empregados da empresa pública. Durante a permanência nas instalações da empresa, Marinete da Silva conversou com os jornalistas e recebeu sementes e flores de girassol como símbolo de resistência aos últimos anos.
Diante das homenagens, Marinete da Silva entende que a filha vereadora virou símbolo contra a violência de gênero na política e relembra o perfil de Marielle.
“A Marielle é um símbolo de resistência para todo mundo. É um ícone. Tem o antes e depois da Marielle. Uma mulher que foi cerceada, que foi interrompida. E dizendo: ‘eu não serei interrompida. Estou aqui com legitimidade”.
Para Marinete, a memória da filha, de sua luta e seu trabalho ainda vive como um legado para vários setores da sociedade. “A gente identifica mulheres em campo, tanto na política, em todas as pautas, na pluralidade que era aquela mulher. E que onde ela chegava, ‘chegava chegando'. Ela mudava as coisas também da política. Marielle combateu para trazer essas mulheres para onde elas quiserem”, comemora a mãe da vereadora.
O Memorial das Palavras Proibidas – inaugurado na última quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher – é uma iniciativa do Comitê de Equidade, Gênero e Raça daEBCque retomou os trabalhos em 2023, após alguns anos de inatividade. No mesmo dia, o diretor-presidente, Helio Doyle, assinou a adesão da empresa à Rede de Equidade – que promove ações de igualdade de gênero em órgãos públicos.
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