Desde o dia 1° de maio, as forças de segurança do Estado de São Paulo estiveram empenhadas na missão humanitária no Rio Grande do Sul, afetado pelas chuvas. Só a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros paulistas realizaram quase 600 operações de resgates. A última equipe enviada para o estado gaúcho retorna nesta sexta-feira (19).
Além dos salvamentos, os policiais também atuaram em diversas ocorrências com prisões de criminosos e apreensões de armas de fogo ilegais e drogas. Um total de 965 militares participaram da ação nesses meses, sem contar os agentes das Polícias Civil e Técnico-Científica, que também somaram esforços. Sempre que uma equipe voltava, outra ia para continuar prestando apoio.
Os policiais também transportaram 1,3 mil vítimas para garantir cuidados médicos urgentes, e entregaram 6,7 mil quilos de alimentos e 1,9 mil litros de água potável. Foram aproximadamente 41 mil apoios humanitários no período.
“Foi uma integração muito grande entre as equipes de segurança”, ressaltou o tenente-coronel Paulo Henrique Beltrami, comandante do 9° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) em São José do Rio Preto, que está com parte da sua equipe no Rio Grande do Sul finalizando os trabalhos da força-tarefa.
Ele contou que em 30 anos de carreira nunca havia participado de uma missão dessa magnitude. “A gente fala de amor ao próximo, mas aqui pude ver e sentir isso. Essas pessoas sentem empatia umas pelas outras a ponto de estar precisando e mesmo assim pedir para que a gente ajude outra, dê preferência para outra”, revelou.
Apesar de as inundações terem praticamente cessado, as cidades gaúchas ainda sofrem com chuvas exponenciais e um frio intenso. Segundo o tenente-coronel, muitas vítimas afetadas continuam nos abrigos porque estão sem condições de voltar para casa.
Uma parte delas passa o dia limpando o que restou do lar. Os eletrodomésticos danificados pelas águas são colocados nas calçadas e servidores da prefeitura passam recolhendo. Aos poucos, as pessoas que perderam tudo para as chuvas vão tentando retomar a vida.
“Muitos bairros estão sem água potável, então os moradores sobrevivem de doações. Mesmo agora, depois desse tempo, vejo que as pessoas ainda não esqueceram do povo daqui. Ainda tem muita gente ajudando, principalmente do estado de São Paulo”, afirmou o policial.
A última equipe paulista vai sair nesta sexta do Rio Grande do Sul com as viaturas e equipamentos. Eles vão dormir em Santa Catarina e devem chegar em São Paulo até domingo (21).
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, destacou o orgulho que sente dos policiais que se voluntariaram e deixaram o conforto de suas casas para salvar vidas lá. “Rompemos barreiras internacionais. Ano passado, fizemos uma operação humanitária após o terremoto na Turquia, com mais de 20 bombeiros. Infelizmente, esse ano, com a tragédia no Rio Grande do Sul, também empenhamos centenas policiais para socorrer e prestar apoio humanitário a essas pessoas”, mencionou.
O Corpo de Bombeiros encerra nesta sexta-feira as atividades da operação mobilizada para ajudar nos trabalhos de resgate e recuperação no estado gaúcho.
Ao todo, a corporação realizou o resgate de mais de mil pessoas e de 279 animais. Seis corpos foram localizados pelos agentes. Desde a tragédia, foram oito forças-tarefas enviadas, totalizando 265 bombeiros nos 78 dias da missão humanitária.
“Apesar da tragédia, retornamos com o coração satisfeito e com sentimento de missão cumprida. Felizes de ter levado um acalento às pessoas que sofreram e felizes também por nossos bombeiros terem retornado com segurança para os seus lares”, disse a porta-voz da corporação tenente Olívia Olivia Perrone Cazo.
Para os resgates de vítimas e animais em situação de risco, o Corpo de Bombeiros paulista mapeou extensas áreas afetadas pelas enchentes, com o emprego de drones, cães de busca, embarcações e diversas viaturas.
As operações ocorreram nos municípios gaúchos mais afetados pela tragédia, como Porto Alegre, Eldorado do Sul, Canoas, São Leopoldo, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Taquari, Bom Retiro do Sul e Teotônia, incluindo buscas em áreas rurais e próximas aos rios.
As equipes de segurança de São Paulo apoiaram os agentes gaúchos e conseguiram realizar milhares de resgates. Entre eles, o do cavalo Caramelo, como ficou conhecido em todo o país. O animal ficou quatro dias ilhado em uma casa em Canoas (RS), sendo retirado e levado até um hospital veterinário por bombeiros paulistas.
Uma equipe do Instituto de Identificação Ricardo Gumblenton (IIRGD), órgão vinculado à Polícia Civil, foi designada para ajudar na identificação das vítimas da enchente. Eles também emitiram dezenas de novas carteiras de identidade de pessoas que perderam tudo na tragédia, agilizando o serviço.
Os helicópteros Águia também tiveram um papel crucial para o salvamento de vítimas. Em determinada ocorrência, os policiais transferiram idosos de um hospital para outro, onde eles conseguiram receber os cuidados necessários. Só o Comando de Aviação da Polícia Militar do Estado de São Paulo fez 37 remoções aeromédicas, 234 resgates de pessoas e 35 de animais, além de vários transportes de alimentos e medicamentos.
Nos primeiros dias de resgate, voluntários que estavam salvando moradores ilhados foram encontrados em um barco virado. Um bote do Corpo de Bombeiros de São Paulo que estava pelo local conseguiu levar as quatro vítimas em segurança até um hospital.
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