No dia 20 de março, o verão abriu espaço para o outono, com a chegada do tempo mais seco e com poucas chuvas. Nesse período, cresce a incidência de doenças respiratórias – muitas vezes os sintomas aparecem e o diagnóstico fica inconclusivo.
A pneumologista Maria Vera Cruz, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), diferencia as principais doenças e esclarece quais são as mais comuns neste período.
Saiba quais são as doenças de outono
Alergias e os “Ites” crises de rinite, sinusite, faringite
Por conta da maior concentração de poeira e poluentes no ar, ocorrem com mais frequência os quadros alérgicos neste período do ano. As mucosas ficam ressecadas e há aumento de crises de rinite, sinusite, faringite e asma.
O que difere as doenças é que a rinite é uma inflamação de crises alérgicas e que acomete o nariz. Já a asma é uma doença inflamatória crônica que ataca o sistema respiratório, especialmente os brônquios. A faringite, bem como a sinusite, são infecções que podem ser causadas por vírus e bactérias e não só uma simples alergia, inflamando a faringe e os seios da face, respectivamente.
Resfriados e pneumonias
A baixa umidade durante os meses de outono pode irritar as mucosas das vias aéreas e aumentar a probabilidade de infecções por diversos vírus, como rinovírus e adenovírus, responsáveis pelos resfriados e pneumonias.
O que pode contribuir para o aparecimento dessas doenças são as mudanças bruscas de temperatura, como é possível ver neste ano, saindo de um calor intenso de verão para uma frente fria que atinge o Brasil em uma mesma semana em que o outono chega. O brusco resfriamento das vias aéreas aumenta o risco de infecções virais. O mesmo pode acontecer com o uso de ar-condicionado, no qual pode haver ainda acúmulo de bactérias e outros agentes como legionella.
Gripe / Influenza
Com a queda de temperatura, normalmente as pessoas tendem a ficar mais tempo em locais fechados, o que ajuda a proliferar doenças respiratórias, uma vez que o vírus influenza tem alta transmissibilidade por espirro e tosse, além do contato direto das mãos e objetos comuns como corrimões e maçanetas.
Viroses
O mesmo explicado no caso de gripe acontece em quadros de virose, pois o tempo seco de outono favorece a colonização de vírus e infecções respiratórias, que têm rápida transmissão entre as pessoas. É comum as viroses causarem diarreia, febre, vômito, enjoo, dor muscular, dor na barriga, dor de cabeça, secreção nasal, entre outros sintomas.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
É um grupo de doenças respiratórias muito relacionadas ao tabagismo. Com o ar seco e a inflamação de mucosas entre os meses março e junho, há maior incidência da bronquite crônica (estreitamento das vias aéreas) e do enfisema (danos irreversíveis nos alvéolos).
Covid-19
Além de todas as doenças do outono, após a pandemia iniciada em 2020, é possível ainda confundir os sintomas provocados pelo coronavírus. Para diferenciar, normalmente, há o aparecimento de quadro inflamatório da garganta, evoluindo para tosse seca, seguida de espirros, coriza, mal-estar, febre, bem como fraqueza. É possível ainda identificar diminuição do olfato e paladar.
Resfriados podem ser diagnosticados com sintomas de mal-estar, espirros, coriza e obstrução nasal, febre, mas que em geral se tornam leves depois de 48 horas. Já o quadro inicial da gripe se assemelha ao do resfriado, porém, o tempo do paciente sintomático é maior, tendo duração em torno de uma semana, podendo até levar à falta de apetite e à perda de peso.
Como evitar
De acordo com a pneumologista Maria Vera Cruz, a boa hidratação é o ponto-chave, bem como manter a imunidade alta. É possível repor líquidos com água, chás e sucos e se alimentar adequadamente com alimentos leves, sem deixar o estômago vazio por muitas horas.
“É bom evitar a aglomeração de pessoas em locais fechados, manter os ambientes arejados e umidificados para não facilitar a transmissão dos agentes infecciosos, além de se preocupar com a higiene das mãos”. A especialista enfatiza a importância de manter a vacinação em dia. A vacina bivalente protege o agravamento tanto da Covid-19 quanto do vírus influenza da gripe, indicado para todas as pessoas com mais de 60 anos e de qualquer idade com comorbidades e fatores de risco. “Hidratação e lavagem nasal com soro também ajudam nesta época”, explica.
Vale lembrar que a vacina contra a gripe protege contra o vírus H1N1, que é a infecção respiratória em humanos causada por uma cepa de influenza que surgiu pela primeira vez nos porcos.
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