Essencial para o desenvolvimento da sociedade, resolução de problemas complexos e avanço do conhecimento, o investimento em pesquisa e desenvolvimento de projetos científicos deve ser cada vez mais fomentado por empresas, governos e outras organizações, por meio da criação de condições favoráveis que permitam aos pesquisadores desenvolver seu trabalho de maneira efetiva.
Em 2021, um levantamento feito pela economista Fernanda De Negri, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelou dados preocupantes sobre o cenário de pesquisa científica no Brasil: somente em 2020, o país teve o menor investimento em ciência dos últimos 12 anos. Afinal, em tal período, o governo federal investiu R$ 17,2 bilhões ante R$ 19 bilhões em 2009, em valores corrigidos pela inflação. Diante desse cenário, a Faculdade de Educação Paulistana (FAEP), situada em Parada de Taipas, região noroeste de São Paulo, vem apoiando o desenvolvimento de projetos por alunos da comunidade local e entorno.
Um exemplo é o projeto de fogão solar parabólico desenvolvido por três estudantes do ensino médio integrado ao ensino técnico em eletrotécnica, da ETEC Jaraguá, em São Paulo – Caio Gabriel da Silva, Ivan Olegário de Matos Júnior e Fábio Barreto de Araújo. Com um sistema responsável por concentrar os raios solares para o cozimento dos alimentos, o equipamento foi elaborado como uma alternativa segura, econômica e sustentável para substituir o uso de gás de cozinha ou lenha. Desenvolvido em 2022, o projeto foi orientado pelo professor Jean Mendes Nascimento e contou com o apoio parcial da Faculdade de Educação Paulistana (FAEP) para a aquisição dos recursos necessários.
Agora, em 2023, a instituição acadêmica vem apoiar novamente os alunos, após eles receberem um convite para expor o fogão em uma grande mostra de projetos científicos e tecnológicos da USP, a FEBRACE, que acontece entre os dias 20 e 24 de março, reunindo estudantes de todo o Brasil. “Nós ficamos muito felizes com essa oportunidade oferecida aos educandos e, diante da falta de investimentos para as escolas públicas e dificuldade de muitos estudantes em conseguir verba, patrocinamos a produção do banner de apresentação do projeto, a compra de mais alguns componentes para o fogão e a alimentação dos educandos na feira”, afirma Vânia Costa, diretora acadêmica da FAEP. Ela lamenta a falta de recursos públicos para tais projetos e ressalta como pequenos apoios podem fazer toda a diferença em momentos como esse.
Para Ivan, a participação na FEBRACE representa uma grande conquista em sua trajetória pessoal e acadêmica, já que o projeto foi um dos vencedores de um processo seletivo extremamente concorrido, composto por trabalhos muito bem elaborados por alunos de todo o Brasil. “Eu espero aproveitar as diversas oportunidades de aprendizado de um evento tão grande com convidados tão diversos, conhecer mais estudantes com projetos inovadores e ouvir as sugestões dos avaliadores, pessoas experientes em diferentes áreas! ”
Além do esforço gasto no projeto juntamente com Caio e Gabriel, Ivan considera essencial todo o apoio recebido pelos familiares, professores e pela FAEP e espera ter contribuído para a popularização dos fogões solares.
Sobre a criação do projeto de fogão solar e patrocínio da FAEP
A concepção do projeto se iniciou durante as aulas de planejamento e desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso em Eletrotécnica, quando os alunos foram apresentados à abordagem científica e à metodologia de engenharia. Após ver um vídeo sobre fogões solares nas redes sociais, Ivan avaliou a possibilidade de aplicar essa tecnologia na comunidade local, o que foi bem aceito pelos demais membros do grupo de TCC e pelo professor orientador, que os incentivou a aplicar seus conhecimentos técnicos no desenvolvimento do fogão solar.
Desenvolvido em aproximadamente 4 meses, o projeto começou com pesquisas sobre o potencial local de uso dos fogões solares. A equipe modelou uma ideia inicial em 3D, que passou por vários ajustes para melhorar a eficiência do design, incluindo a adição de movimento automatizado no fogão solar para melhor captar os raios solares. Além disso, o equipamento foi elaborado para ter autonomia em momentos de baixa incidência solar, com um sistema de movimentação semelhante ao dos girassóis para seguir a trajetória solar e um sistema de indução removível alimentado por energia fotovoltaica.
Já a iniciativa do patrocínio veio de Vânia Costa, também professora de Física da ETEC Jaraguá, que se interessou pelo trabalho dos alunos e reconheceu a importância de apoiá-los em seus projetos. A partir de então, ela intermediou o contato entre os estudantes e a diretoria geral da faculdade, a qual forneceu parte do financiamento para o protótipo do fogão solar.
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