Na semana em que o conflito Israel e Palestina ganhou ainda mais repercussão no Brasil, a Comissão de Educação e Cultura (CE) aprovou nesta terça-feira (20) o projeto que inclui duas celebrações judaicas e duas islâmicas no calendário oficial de datas comemorativas do Brasil. A proposta do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) recebeu parecer favorável do senador Carlos Portinho (PL-RJ). Se não houver recurso para votação em Plenário, o texto será enviado para a Câmara dos Deputados.
O PL 3.483/2023 insere o Rosh Hashaná, o primeiro dia do Ano Novo, e o Yom Kipur, o Dia do Perdão, entre as datas comemorativas brasileiras.
As duas acontecerão anualmente nos dias definidos pelo calendário judaico. Também introduz o Eid al-Fitr, o fim do Ramadã, e Eid al-Adha, conhecido como a Festa do Sacrifício que, da mesma forma, serão celebrados todos os anos de acordo com o calendário islâmico.
Pontes ressaltou que o Brasil é diverso culturalmente e abriga uma das maiores comunidades de judeus no mundo. Em 2010, de acordo com o IBGE, o Brasil contava com a 11ª maior comunidade de judeus, em torno de 110 mil pessoas. Já os muçulmanos, seguidores do Islã, representavam 0,02% do total da população, cerca de 35 mil pessoas.
Astronauta Marcos Pontes citou a medida como um exemplo de paz entre nações que sabem respeitar suas diversidades e perspectivas.
— O que a gente tem que aprender a fazer nesse nosso planeta é começar a ouvir mais e respeitar a opinião das outras pessoas. Muitas vezes a solução não é a minha, com a minha perspectiva, com a minha cultura, mas a perspectiva de uma outra pessoa, com uma outra cultura que está lá e tem uma solução melhor para solucionar esse problema — argumentou.
Marcos Pontes informou que foi procurado por líderes das duas comunidades, os quais manifestaram apoio à matéria. Para ele, o ato representa uma “pequena semente” em busca da paz, ao contrário de “falas que incentivam o conflito”.
O início do Ano Novo judaico, chamado Rosh Hashaná, é celebrado com orações, refeições festivas e toques do shofar, um antigo instrumento de sopro preservado pela comunidade. Em 2023, a comemoração teve início na noite de 15 de setembro e terminou dois dias depois.
“Rosh Hashaná é uma chance, não apenas de celebrar e olhar para frente, mas de considerar o passado e rever o relacionamento com Deus”, diz Pontes.
Junto com o início do ano, começa também um período conhecido como os Dez Dias de Temor ou Dias de Arrependimento. Ao final desse período sagrado, é festejado o Yom Kipur, quando os fiéis são incentivados à oração, ao arrependimento e à caridade. Neste ano, a data aconteceu entre 24 e 25 de setembro.
No Islã, com o fim do Ramadã, que é o nono mês do calendário islâmico e o período mais sagrado para os muçulmanos, é festejado o Eid al-Fitr. Esse período é conhecido como a celebração do fim do jejum e, durante três dias de festa, as comunidades se reúnem para comer, orar, trocar presentes e homenagear entes falecidos. Em 2023, ele começou em 20 de abril.
Por último, o Eid al-Adha marca a disposição dos islâmicos para o sacrifício em nome da fé e da comunidade, e foi incluído pelo relator, segundo ele para garantir “isonomia de tratamento ao projeto, ao estabelecer a celebração de duas datas da religião judaica e duas efemérides islâmicas”.
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