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Autor remonta cenário do Brasil Imperial em romance de época

Em uma entrevista, o autor Taumaturgo Lucena Torres conta detalhes que o inspiraram a desenvolver um romance que remonta cenários como Bahia e Mina...

06/09/2023 09h25
Por: Jornal Alternativa Fonte: Agência Dino
Freepik - Habitação século XIX
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O escritor cearense Taumaturgo Lucena Torres, natural de Brejo Santo/CE, remonta em sua obra de ficção (Elos de Sangue), o cenário do Brasil Imperial entre o século XIX e XX. 

Na presente entrevista com o autor, ele revela detalhes culturais de Minas Gerais e da Bahia, que o inspiraram a escrever um romance.

Nesta aventura narrada por Taumaturgo, o leitor passa a conhecer aspectos culturais do Brasil de séculos anteriores, pois, de acordo com o autor, "O enredo Elos de Sangue retrata com fidelidade o Brasil Império e o início da república, remontando uma sociedade machista incrustada de muitos tabus e de muita violência rural à época."

A narrativa começa nos sertões da Bahia Bahia, tendo como protagonista o vaqueiro Hudson, empregado preferido de um Coronel, senhor de terras da região, conhecido por suas maldades. Na história, Hudson foge da fazenda após o assassinato da esposa, e deixa seus filhos aos cuidados de amigos enquanto se esconde em Diamantina (MG). Após se reerguer, retorna à Bahia na intenção de reunir seus filhos, mesmo sem saber que encontrará desafios como o sequestro das crianças.

Conforme pontua o próprio autor, o enredo, recentemente lançado pela Editora Viseu, visa combater aos preconceitos social e racial, retratando a luta permanente contra violência e a favor da valorização da mulher.

Entrevista exclusiva com o autor Taumaturgo Lucena Torres

Quais fontes de inspiração você buscou para planejar os conflitos? Você observa a realidade a sua volta e tem insights?  Ou você se inspira em enredos de outras obras?

Taumaturgo: Busquei em histórias verídicas que ouvia de pessoas da minha cidade quando criança, de quando adolescente e já na idade adulta ouvia causos verídicos do coronelismo reinante em meu estado, o Ceará e, em especial em minha cidade, Brejo Santo. Histórias de assaltos em estradas pela bandidagem reinante à época do império, de pistolagem por conflitos de terra, de defloramentos de donzelas por patrões, etc. Inspirei-me também em passagens e de livros que retratam fielmente o sertão nordestino, como Menino do Engenho (Euclides da Cunha), Auto da Compadecida (Ariano Suassuna), Vidas Secas (Graciliano Ramos), dentre outras obras. 

Quais razões levaram você a escolher temas tão desesperadores para construir sua trama, como sequestro e feminicídio?

Taumaturgo: O livro não foi moldado somente na tragédia original, muitas histórias fantásticas, lúdicas, impudicas, amores castos eivadas de mistérios surgiram ao longo de 861 páginas de paisagens deslumbrantes, de conhecimento em arte, história, geografia, geologia, direito, mineralogia e, com personagens espetaculares que engrandecem o romance. 

De todos os personagens mencionados no livro, algum deles tem certa similaridade com você em termos de personalidade?

Taumaturgo: Sim, existe um pouco de similaridade entre mim e cada um dos personagens. Em alguns deles baseei-me na formação que moldou minha educação rígida, advogada pelos meus pais, com valores éticos e morais. Cada personagem foi desenvolvido com a imagem e semelhança de poucos amigos. 

A obra visa passar uma mensagem específica ou você se comprometeu apenas em entregar uma aventura incrível aos amantes de ficção e aventura?

Taumaturgo: Desde o início da obra se procurou transmitir ao leitor uma mensagem de fortes emoções sentimentais, de cunho social, espiritual e educacional em que se buscou a igualdade social, de gêneros e de raças. Evidentemente que a ficção e os “causos” ali contidos fazem parte de passagens lúdicas e históricas, contudo, as mazelas apresentadas espelham a realidade do cotidiano diferenciado em muitas regiões apartadas por barreiras sociais e de raça em nosso país.

O quanto você estudou sobre o Brasil imperial dos séculos XIX e XX para desenvolver o cenário da narrativa ao leitor?

Taumaturgo: As aventuras da obra ocorrem em vários cenários, com mais destaques na região da Bahia (Ilhéus) e na região de Minas Gerais (Diamantina), retratando as belezas dos lugares, sem desmerecer os cenários em que a obra também se encerra, como a encantadora Petrópolis no Rio de Janeiro. Alguns cenários na Bahia e Petrópolis foram frutos da imaginação espelhado em alguns livros de Jorge Amado. Já os cenários do conjunto paisagístico de Diamantina remonta a época em que labutei profissionalmente na área de mapeamento geológico nas planícies, serras, córregos e o Rio Jequitinhonha. 

Como costumavam acontecer os seus momentos criativos? Você apenas sentava e deixava as palavras fluírem, ou esperava por algum tipo de inspiração ou sentimento criativo?

Taumaturgo: Às vezes a inspiração chegava em momentos de descanso da labuta diária, mas na maioria das vezes, os momentos criativos fluíam quando ao escrever sentado diante do computador, as ideias surgiam e faziam brotar novos cenários, fatos novos, e a história se desenrolava diante do sentimento criativo que exsurge como se fosse um encanto, que mais parecia coisa transcendental, que ultrapassa os limites do convencional.

No decorrer do seu processo criativo, houve ideias que você não utilizou e que planeja utilizá-las para escrever outro livro?

Taumaturgo: Sim, já estou em fase de conclusão do segundo romance baseado em “fatos reais” ocorridos em muitas cidades pequenas do interior nordestino, mas que somente será lançado depois do sucesso de Elos de Sangue.

O que mudou em sua vida após ter em mãos o livro que é fruto de uma longa jornada de escrita que resultou em uma obra com mais de 800 páginas?

Taumaturgo: Esperança! Sinto-me otimista e renovado, no sentido de que a obra seja lida por inúmeras pessoas amantes da leitura e pelos olhos dos críticos literários. É a oportunidade de se acreditar naquilo que foi realizado com bastante pesquisa e esmero. O livro tem potencial para se tornar um best-seller, isto não é fruto de minha imaginação, mas da unanimidade dos que tiveram a oportunidade de lê-lo.

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