Entre 2019 e 2022, o Distrito Federal atingiu a marca de mais de 110 mil toneladas de produção oriunda das 100 agroindústrias instaladas nas regiões administrativas (RAs). Grande parte dos leites, queijos e manteigas encontrados nas redes de supermercado, por exemplo, é de produção local e submetida a um rigoroso processo de fiscalização sanitária.
Para garantir que o alimento produzido na zona rural do DF chegue em boas condições à mesa dos brasilienses, diariamente são realizadas inspeções de segurança pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) e pela Diretoria de Vigilância Sanitária em Saúde (Divisa).
“Nós fazemos auditorias nos programas de autocontrole das indústrias, acompanhamos as planilhas que estão sendo preenchidas e vemos se condiz com o produto final. A gente também acompanha o processo e faz análises microbiológicas e físico-químicas para verificar riscos de contaminação. Nos queijos, por exemplo, a gente verifica se tem bactérias não permitidas pelas legislações vigentes”, afirma o diretor de Inspeção dos Produtos de Origem Vegetal e Animal (Dipova) da Seagri, Marco Antônio Martins.
As análises laboratoriais são feitas no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF), onde se verifica a qualidade do alimento produzido. Em breve, o novo laboratório próprio da Seagri será inaugurado, com investimento previsto de R$ 1,65 milhão para reforçar as inspeções laboratoriais realizadas pela pasta.
A Vigilância Sanitária também tem um papel importante na fiscalização quando os produtos chegam às prateleiras. Os fiscais da Divisa colocam em prática o programa de monitoramento da qualidade de alimentos pós-mercado. A cada semestre, a equipe colhe cerca de 800 amostras de alimentos para análises.
“A gente procura alimentos que costumam atingir mais a saúde da população, alimentos mais sensíveis, para colher essas amostras e fazer o monitoramento. A gente analisa se são satisfatórios ou insatisfatórios”, comenta a gerente de Alimentos da Diretoria de Vigilância Sanitária, Dillian Silva, referindo-se a itens como mortadela, presunto e pescados.
Além disso, os fiscais atuam com base em denúncias recebidas pela Ouvidoria do GDF de estabelecimentos ou eventos que fornecem alimentos possivelmente fora dos padrões estabelecidos. Se comprovada alguma irregularidade, o estabelecimento está sujeito a sanções desde advertência até o cancelamento do alvará de licenciamento.
Merenda escolar
Pela primeira vez na história do DF, alguns insumos derivados do leite que fazem parte do cardápio da merenda escolar da rede pública de ensino são adquiridos da indústria local. A Laticínios Araguaia, localizada no Núcleo Rural Monjolo, no Recanto das Emas, é a indústria responsável por fabricar e fornecer à Secretaria de Educação manteiga e queijo muçarela. O contrato com a Laticínios Araguaia tem duração de 12 meses e investimento de R$ 17 milhões.
No mês de junho, por exemplo, a indústria forneceu 1,5 tonelada de manteiga e 20 toneladas de queijo muçarela para incrementar o cardápio fornecido às crianças e jovens das escolas públicas.
Inspeção sanitária
Semanalmente, os fiscais da Seagri vão às dependências da Laticínios Araguaia para se certificar que a produção segue os protocolos sanitários estabelecidos pela legislação. O acesso à área interna da indústria é restrito, devendo passar por um rigoroso processo de desinfecção.
As vestimentas também devem ser adaptadas. É necessário usar peças que ajudem a proteger contra vírus e bactérias, como luvas, máscaras, protetores para os pés, toucas e aventais. Além disso, as equipes higienizam todo o espaço no início e no fim do expediente. A indústria também conta com um laboratório próprio para as análises dos materiais.
“No nosso laboratório físico-químico a gente faz as análises de recepção, individual de produtor, de amostra em processo de fabricação e do produto final. A gente faz o monitoramento de higiene também. Todas essas análises são responsáveis para garantir que estamos dentro do padrão estipulado para os produtos”, explicou o responsável técnico da Laticínios Araguaia, Darlan Dornelas.
Expansão comercial
A Laticínios Araguaia tem uma área de 800 m² e processa, por mês, entre 400 mil e 500 mil litros de leite. Atualmente, a indústria gera 58 empregos diretos e atende uma grande parte de supermercados, restaurantes, hotéis, hospitais e sorveterias — todos do DF. Mas o objetivo é aumentar ainda mais a produção e passar a abastecer estabelecimentos de outros estados. Para isso, é necessário adquirir o Selo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA).
A indústria deu entrada no processo de aquisição do Selo SISBI em outubro do ano passado. Atualmente, 14 agroindústrias do DF têm a autorização para comercializar em todo o território nacional. Com a certificação, o estabelecimento passa a ter uma garantia extra de qualidade e segurança nos alimentos produzidos.
“As agroindústrias podem crescer muito mais. Com esse selo, a produção aumenta, porque começa a fornecer para todos os estados do país, e consequentemente aumenta a geração de emprego e de impostos. É bom para todo mundo”, comenta o diretor da Dipova, Marco Antônio Martins.
“A gente quer crescer e expandir. Sabemos que nosso produto tem qualidade e o nosso material humano é de ponta. É pela nossa equipe que a gente obtém a qualidade no mercado. Temos uma grande preocupação com o social e o ambiental e passamos por toda a fiscalização dos órgãos para ser possível essa expansão com responsabilidade”, defende o diretor operacional da Laticínios Araguaia, Rildo Monteiro Martins.
De acordo com o responsável técnico Darlan Dornelas, as contratações vão aumentar e haverá mais investimento nas estruturas da indústria. “Quando o selo sair, a gente quer contratar pelo menos mais 10 profissionais. Nossa ideia também é reformar a indústria para adequar e melhorar a produção para melhor abastecer dentro e fora do DF”, afirma.
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