O ministro da Justiça, Flávio Dino, externou nesta quarta-feira (26), em Brasília, um otimismo moderado em relação às investigações envolvendo a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, no Rio de Janeiro. A declaração foi feita após participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro, da TV Brasil, emissora da EBC.
“Temos uma atitude de otimismo moderado. Moderado porque transcorreram, infelizmente, vários anos. Se a coleta de provas tivesse sido no momento correto, 2018, 2019, os resultados seriam muito mais rápidos e eficazes. Então, o tempo decorrido atrapalha. Mas otimismo porque há, de fato, uma dedicação grande dos nossos policiais, das instituições e os resultados estão aparecendo”, acrescentou.
Flávio Dino disse, ainda, que “temos a demonstração cabal da autoria e, por isso, houve um avanço qualitativo muito importante decorridos cinco anos desses terríveis homicídios. Com isso, abre-se uma nova avenida, um novo patamar que se destina à identificação dos mandantes, dos autores intelectuais e dos motivos”, salientou.
Questionado sobre o prazo para se chegar aos mandantes, ele acredita que haverá novidades “nas próximas semanas. Não tenho acesso ao inquérito. Não é meu papel. Mas os investigadores, aqueles que têm acesso, estão trabalhando muito e estão seguros de que novos fatos aparecerão. Eles já me informaram isso genericamente. Posso afirmar, portanto, que a investigação prossegue e ela vai até onde a técnica permitir, decorridos mais de cinco anos. Eles estão trabalhando e estão confiantes de que, finalmente, a investigação tem um caminho que deve conduzir aos mandantes. Eu acredito que é assunto realmente para as próximas semanas termos novidades,”, acentuou.
O ministro rebateu críticas ao uso de informações da delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz, preso desde 2019.
“Quando você tem um objeto ou uma instituição cultural, você consegue mensurar se isso é bom ou ruim a partir do modo como você emprega esse objeto ou esse instituto normativo jurídico. Você tem um automóvel. O automóvel é bom quando você usa para se transportar com segurança. E é péssimo quando a pessoa bebe, vai lá e mata uma pessoa. É o mesmo automóvel que pode ser usado para o bem ou para o mal”, explicou.
Ele observou que, “no caso da delação premiada, essa comparação é no sentido de quando há o respeito à lei – e é importante que haja. Quando há abuso, quando não há a chamada prova de confirmação ou corroboração, isso é errado. Você não pode absolutizar o conteúdo da delação e daí o cuidado com o qual nós estamos trabalhando. Essa parte que foi agora revelada, toda ela está acompanhada de outras provas que confirmam a delação. Essa é a diferença substantiva. E ninguém foi preso para delatar. Esse senhor já estava preso há muitos anos.”
E finalizou: “São diferenças grandes e diferenças que, infelizmente, não são destacadas por má-fé. Normalmente, os que estão criticando são aqueles que são amigos de milicianos, amigos de bandidos ou foram omissos. E, por serem omissos, agora querem esconder as suas omissões com falsos debates”, concluiu.
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