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Geral Profissionalização

Carteira do Artesão abre oportunidades a pacientes de Caps do Riacho Fundo

Serviço é oferecido em parceria com a Secretaria de Turismo e incentiva a arte e a geração de renda para os alunos da Oficina de Mosaico, realizada...

26/07/2023 08h56
Por: Jornal Alternativa Fonte: Agência Brasília
Há um ano e meio, Wilton Albuquerque, 35 anos, participa da Oficina de Mosaico e planeja comercializar suas peças em exposições assim que receber a sua Carteira Nacional do Artesão
Há um ano e meio, Wilton Albuquerque, 35 anos, participa da Oficina de Mosaico e planeja comercializar suas peças em exposições assim que receber a sua Carteira Nacional do Artesão

Quase dois anos se passaram desde que Rosana Silva, de 47 anos, encontrou no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) II do Riacho Fundo a transformação por meio do artesanato. Em junho de 2021, ainda em meio à pandemia, a moradora do Gama foi acolhida pela unidade, onde conheceu a Oficina de Mosaico e aprendeu a trabalhar com malha, cerâmica, vidro e pastilhas. “A ansiedade melhora bastante, porque a gente começa a focar na peça. Todo o processo construtivo de pegar e juntar os caquinhos me traz mais lucidez e me ajuda a organizar melhor as ideias”, relata.

Rosana Silva de Jesus, moradora do Gama, encontrou no Caps II um caminho de transformação por meio do artesanato | Fotos: Sandro Araújo/Agência Saúde
Rosana Silva de Jesus, moradora do Gama, encontrou no Caps II um caminho de transformação por meio do artesanato | Fotos: Sandro Araújo/Agência Saúde

Para oficializar e impulsionar o trabalho de Rosana e de outros 24 alunos da oficina, o Caps II do Riacho Fundo, em parceria com a Secretaria de Turismo (Setur) do Distrito Federal, solicitou a Carteira Nacional do Artesão.

O órgão ou a instituição que queira solicitar a carteira, deve reunir, no mínimo, 25 pessoas interessadas na aquisição do documento. É necessário enviar um e-mail para artesanato@setur.df.gov.br e formalizar o pedido com informações sobre o projeto

“O mosaico, além de ser terapêutico, faz com que o paciente consiga gerar uma renda, porque é uma arte cara, demorada e muito valorizada. Por meio da carteira, ele pode se profissionalizar e participar de feiras, por exemplo”, explica a técnica em enfermagem e coordenadora da oficina, Cássia Maria da Silva.

A confecção da carteira exige documentação específica, incluindo formulário com dados pessoais, cópias do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), cédula de identidade (RG) e comprovante de residência. Além disso, é preciso apresentar fotos dos artesanatos e enviar um vídeo de até três minutos demonstrando a produção das peças. Todo o processo é lançado no Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) e o documento fica pronto em até 30 dias, com validade por seis anos. A entrega é feita no próprio Caps II.

A renovação da carteira requer a repetição do processo documental. O interessado pode comparecer à sede (térreo do Espaço de Cultura e Artesanato, na W3 Sul, Quadra 507, Bloco C – entrada pela W2), que oferece atendimento de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h.

Geração de renda

“Com a carteira, o artesão não pagará imposto ao emitir uma nota fiscal avulsa”, diz a coordenadora de artesanato da Setur, Gizelma Fernandes
“Com a carteira, o artesão não pagará imposto ao emitir uma nota fiscal avulsa”, diz a coordenadora de artesanato da Setur, Gizelma Fernandes

Com mais de 35 peças produzidas, Rosana se prepara para receber o documento, enxergando nessa conquista uma oportunidade para crescer. “Estou animada, pois pretendo comercializar minhas peças em algumas feiras que ocorrem aqui e no Gama.”

A Carteira Nacional do Artesão possui registro junto à Setur e busca facilitar a venda dos produtos em feiras de artesanatos e em eventos locais e nacionais. Os membros da Oficina de Mosaico poderão ainda participar de editais públicos para a comercialização de suas peças em shoppings, sem precisar pagar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Com a carteira, o artesão não pagará imposto ao emitir uma nota fiscal avulsa, por exemplo”, explica a coordenadora de artesanato da Setur, Gizelma Fernandes.

Há um ano e meio, Wilton Albuquerque, 35 anos, participa da Oficina de Mosaico e planeja comercializar suas peças em exposições assim que receber a sua Carteira Nacional do Artesão
Há um ano e meio, Wilton Albuquerque, 35 anos, participa da Oficina de Mosaico e planeja comercializar suas peças em exposições assim que receber a sua Carteira Nacional do Artesão

O morador do Riacho Fundo II Wilton Albuquerque, 35 anos, participa da oficina há um ano e meio e já produziu sete peças. Sua participação no artesanato vai além do Caps II. “Eu comercializo algumas peças na rua, como mosaico e pinturas em tela, e já fiz exposições dentro e fora do centro”, conta. Empolgado com o potencial de sua arte, Wilton também solicitou o documento. “Tenho alguns amigos que fazem exposição no Eixão. A carteira vai facilitar o meu ingresso nesse trabalho com eles”, completa.

O órgão ou a instituição que queira solicitar a carteira, deve reunir, no mínimo, 25 pessoas interessadas na aquisição do documento. É necessário enviar um e-mail para artesanato@setur.df.gov.bre formalizar o pedido com informações sobre o projeto. Segundo Fernandes, as peças precisam ter qualidade: “Não basta apenas participar do curso. A pessoa deve ter a capacidade de elaborar um produto bonito, de excelência. Cumprindo esses requisitos, agendamos uma data para realizar o atendimento”.

Experiência de 17 anos

“Ao longo do processo, eles saem com um sentimento de empoderamento e de orgulho pelas suas produções artísticas”, diz uma das coordenadoras da Oficina de Mosaico no Caps II, Cássia Maria da Silva Garcia (à direita)
“Ao longo do processo, eles saem com um sentimento de empoderamento e de orgulho pelas suas produções artísticas”, diz uma das coordenadoras da Oficina de Mosaico no Caps II, Cássia Maria da Silva Garcia (à direita)

Fundada em 2006, a Oficina de Mosaico já atendeu mais de 1.500 pacientes que, junto ao tratamento, tornaram-se artesãos ao longo desses 17 anos. Hoje, a oficina possui 25 alunos ativos, coordenados pelas servidoras do Caps II do Riacho Fundo Cássia Maria da Silva Garcia e Maria Angélica Raguzzoni. Além do mosaico elaborado com restos de ferramentas, vidros, cerâmicas, madeiras, botões e até casca de ovo, os participantes aprendem a técnica da boneca Abayomi. Ela é feita com pedaços de malha, sem costura alguma, apenas nós ou tranças.

Cássia destaca que os usuários experimentam diversas melhorias durante o tratamento. “Observamos avanços na coordenação motora e no reconhecimento geométrico das peças e até casos em que pacientes decidiram retornar à escola por perceberem a importância da educação em suas vidas.” Além desses aspectos, a coordenadora menciona que há ainda um aumento na autoestima. “Ao longo do processo, eles saem com um sentimento de empoderamento e de orgulho pelas suas produções artísticas.”

A oficina ocorre toda terça-feira, das 14h às 17h, e às sextas-feiras, de forma quinzenal, das 9h às 12h. Ela é voltada aos pacientes atendidos pelo Caps II do Riacho Fundo, que acolhe usuários da Região Centro-Sul de Saúde – que abrange Gama, Santa Maria, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, Estrutural, Candangolândia, Guará, Guará II, Núcleo Bandeirante, Park Way e Vargem Bonita.

O centro recebe demandas espontâneas de pessoas a partir de 18 anos que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes. Não há necessidade de agendamento prévio para o acolhimento e o paciente é atendido por uma equipe multiprofissional que fará a avaliação e o encaminhamento mais indicado ao perfil.

O Caps II do Riacho Fundo está localizado na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), Quilômetro 4, Área Especial s/n, Avenida Sucupira, Granja do Riacho Fundo e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 11h e das 13h30 às 17h.

*Com informações da Secretaria de Saúde

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