O edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) Multicultural II conta com recursos de R$ 30 milhões e contempla até 228 projetos de 23 linguagens artísticas e culturais. O certame da Subsecretaria de Fomento e Incentivo Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), prevê, ainda, mecanismos de inclusão para Pessoas com Deficiência (PcD), além da reserva de vagas para agentes culturais com 60 anos ou mais.
“Nós somos o maior fundo de apoio à cultura per capita do Brasil. Levar as produções do DF para circular fora é importante, porque traz visibilidade para o fundo, para as políticas públicas e para os artistas. E os nossos artistas têm muita qualidade. Nessas circulações, eles também fazem contatos e conexões que os enriquecem por agregar qualidade e riqueza ao trabalho”Suzana de Bortoli Librelotto, diretora de Implementação de Modalidades de Fomento Cultural da Secec
O objetivo do FAC Multicultural II é descentralizar atividades artísticas e fomentar ações estratégicas de segmentos importantes da cultura local. Na categoria Cultura de todo jeito , serão até 66 projetos selecionados, que receberão o montante de R$ 10 milhões.
Os projetos inscritos nesta linha de apoio são voltados para arte urbana, artes plásticas e visuais, circo, cultura popular, dança, diversidade LGBTQIA+, manifestações religiosas, música, ópera, orquestras, teatro, entre outras modalidades culturais.
Contemplados
Os projetos inscritos no edital poderão propor publicações, eventos, pesquisas culturais, circulações externas, manutenção de grupos artísticos e espaços culturais, além de ações de qualificação, formação ou profissionalização.
O programa também abrange propostas educativas para os museus sob a gestão da Secec. No caso de turnês, entre os requisitos específicos, o projeto deve incluir pelo menos duas apresentações por estado, passando por no mínimo três unidades Federativas que não sejam o DF.
Suzana de Bortoli Librelotto, diretora de Implementação de Modalidades de Fomento Cultural, destacou que a categoria de circulação externa tem o intuito de trazer visibilidade às produções candangas.
“Nós somos o maior fundo de apoio à cultura per capita do Brasil. Levar as produções do DF para circular fora é importante, porque traz visibilidade para o fundo, para as políticas públicas e para os artistas. E os nossos artistas têm muita qualidade. Nessas circulações, eles também fazem contatos e conexões que os enriquecem por agregar qualidade e riqueza ao trabalho”, ressaltou.
No edital Multicultural II de 2022, foram destinadas quatro vagas de R$ 200 mil para circulação externa, um investimento total de R$ 800 mil em projetos. Destas, uma vaga foi destinada à cota para PcD e outra para pessoas com mais de 60 anos. Já no edital de 2023, foram destinadas duas vagas de R$ 200 mil, totalizando um investimento de R$ 400 mil.
Alguns dos artistas admitidos pelo programa na categoria de Circulação externa foram Francisco Simões De Oliveira Neto, com o espetáculoMamulengo Circulado; a artista Julie Anna Wetzel Deeter, com o projeto Circulá – Dica Daqui Pracolá; e o artista Reverson Geraldo Dos Anjos Fernandes, com o programa de Circulação Sudeste Palhaço(s).
Turnês nacionais
Produzido pela Cia Burlesca, Circulá – Dica Daqui Pracolá apresenta uma peça de teatro de bonecos chamadaBendita Dica, que conta a história de Benedita Cipriano Gomes, uma líder feminista que, em 1920, organizou uma comunidade com princípios de distribuição igualitária de recursos.
O projeto passará pelas capitais de três estados, com duas apresentações em cada uma: Recife (PE), Natal (RN) e Fortaleza (CE). Oficinas de teatro político também estão na programação, que contempla públicos rurais e da área urbana.
“Para nós a maior importância é a democratização da cultura, disponibilizar a arte e, através dela, multiplicar a história de uma mulher que lutou e cuidou de uma parcela da população. É pensar na cultura como uma ferramenta de estruturação da sociedade”, comentou Julie Wetzel, integrante do coletivo Cia Burlesca. O projeto está na fase de pré-produção e inicia em outubro deste ano.
A turnê do artista Di Stéffano, Tour Cenários, também foi chamada no edital e estreou na quarta-feira (12), em São Paulo, com passagem em mais seis capitais brasileiras. Ao todo serão dez shows, estreando em São Paulo e seguindo, ao longo do segundo semestre, por Teresina (PI), Natal (RN), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Maceió (AL).
Em comemoração aos 30 anos de carreira, o instrumentista, compositor, produtor musical e baterista Di Stéffano é acompanhado por banda e conta com participações especiais em cada cidade, levando ao público uma produção inspirada no álbumCenários, gravado em Brasília durante a pandemia. Antes do recurso do FAC, o artista não havia conseguido distribuir ou divulgar a obra.
As músicas no repertório da turnê são no estilo jazz contemporâneo, com características voltadas para o Brasil, lembrando a bossa nova e também o samba.
“Tem essa mistura de Brasil. A ideia do nome vem dessa andança da gente como músico e artista. Todo dia estamos em lugares diferentes, vendo cenas, conhecendo pessoas e ambientes novos”, explicou o músico. “Estou numa alegria só. Ver minhas músicas sendo tocadas pela primeira vez com esses grandes artistas de vários estados dá uma emoção muito grande”, acrescentou.
Acessibilidade
Todos os espetáculos têm entrada franca e o programa inclui ações de acessibilidade, com interpretação em Libras e opções de audiodescrição no material lançado.
“Essas ações são muito importantes. As pessoas com deficiência auditiva, por exemplo, vão a shows de música e querem compreender como um todo. Elas se aproximam das caixas de som para sentir as vibrações”, lembra Adriano Campos, gestor cultural do projeto Tour Cenários. Segundo ele, também estão previstas masterclasses de produção musical em Natal (RN).