A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que pode ter causa genética de pais com histórico de alergias ou por questões ambientais. No Distrito Federal, o tratamento e o acompanhamento são oferecidos em todos os níveis de assistência e, desde 1999, a população conta com o Programa de Atendimento ao Paciente Asmático. A iniciativa e a capacitação de profissionais da saúde permitiram o desenvolvimento de 27 centros de referência que atendem aos casos mais complexos e de difícil controle.
Com equipes aptas a darem o diagnóstico, as unidades básicas de saúde (UBSs) continuam sendo a porta de entrada e acompanhamento. Em casos de crises recorrentes de asma, a equipe encaminha os pacientes aos ambulatórios especializados. A análise é realizada com base na história clínica, no exame físico e nos testes de função pulmonar.
Referência técnica colaborativa da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) no assunto, a pneumologista Andréa Rodrigues destaca, neste Dia Nacional de Controle da Asma, 21 de junho, que a doença é traiçoeira e, mesmo com muito tempo sem dar sinal, pode aparecer de forma súbita e fatal. “A asma não tem cura. Com isso, o paciente diagnosticado precisa manter a sua medicação em dia e de forma emergencial. Os sintomas surgem, na maioria das vezes, durante as mudanças de clima e de ambiente. O frio, a fumaça, pelos de animais e infecções virais são fatores desencadeantes das crises”, ressaltou.
O caso recente da jovem Thais de Oliveira, 25 anos, chamou a atenção do país: ela foi internada em estado grave após cheirar pimenta em conserva. O episódio desencadeou de forma súbita uma crise de asma, conforme o relato da mãe. A pneumologista Andréa Rodrigues reforça que é fundamental que o próprio paciente defina os gatilhos e entenda o que desencadeia os sintomas. Segundo a médica, cheiros fortes, fumaça e até um simples perfume podem iniciar uma crise.
“O mais importante é a doença ser diagnosticada logo na primeira infância e ser mantido o controle, já que ela não tem cura. Com o uso correto da medicação e o acompanhamento contínuo, a pessoa consegue ter uma vida normal. Mas quem não segue o tratamento pode, inclusive, ter perda da função pulmonar”, alerta Andréa.
Entre os aspectos ambientais, estão a exposição à poeira e à barata, aos ácaros e aos fungos, as variações climáticas e infecções virais (especialmente o vírus sincicial respiratório e o rinovírus, principais agentes causadores de pneumonia e resfriado, respectivamente). Para os fatores genéticos, destaca-se o histórico familiar de asma ou rinite e obesidade, tendo em vista que pessoas com sobrepeso têm mais facilidade de desencadear processos inflamatórios, como a asma.
Lucélia Queiroz, podóloga, tem 50 anos e é paciente da rede pública há 30 anos. Vinda de Buritis, em Minas Gerais, ela tem o diagnóstico desde a infância e acredita que herdou dos pais e dos avós. “Faço o acompanhamento na UBS 3 da Vila Planalto e vim para o ambulatório do Hran [Hospital Regional da Asa Norte] para uma reavaliação com exames atualizados. Nunca mais tive crise e hoje sei o que me faz mal. Tive problemas no uso da bombinha, mas agora já aprendi”, destaca.
O uso da bombinha é um problema nos atendimentos dos ambulatórios. Segundo a pneumologista do Hran Flávia Bastos, “temos muitos pacientes que voltam ao ambulatório descompensados e, quando analisamos o porquê, descobrimos que trata-se de dificuldade com o uso da bombinha. Quando isso acontece, o medicamento acaba não funcionando e impede que a doença seja tratada”.
Internações e prevalência da doença
Somente neste ano, a SES-DF já registra mais de 1,3 mil casos de internação de crianças de 1 a 9 anos. Em 2022, foram mais de três mil casos na mesma faixa etária. Conforme os dados do Ministério da Saúde, a asma é um dos problemas de saúde respiratórios mais recorrentes no Brasil e a doença crônica de maior prevalência na infância e na adolescência.
No país, oitava posição em prevalência de asma no mundo, estima-se que 23,2% da população vivam com a doença, e a incidência varia de 19,8% a 24,9% entre as regiões. Estudo recente mostrou, ainda, que as hospitalizações por asma custaram US$ 170 milhões, o que corresponderia a mais de R$ 800 milhões ao sistema público de saúde nacional.
A crise aguda de asma é caracterizada por episódios de aumento progressivo dos sintomas de falta de ar, tosse, respiração ruidosa ou opressão torácica e diminuição progressiva da função pulmonar. O acompanhamento do paciente asmático e o plano terapêutico, além das unidades básicas, ocorre também nos 27 centros de referência localizados no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Hran, Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Hospital Regional do Gama (HRG), Hospital Regional do Guará (HRGu), Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Hospital Regional de Sobradinho (HRS), Hospital da Região Leste (HRL), Hospital Regional de Planaltina (HRPl), Hospital Universitário de Brasília (HUB), Hospital da Criança de Brasília (HCB), Unidade Mista de Taguatinga. Unidades básicas com referência técnica: UBS 1 da Asa Sul, UBS 1 da Candangolândia, UBS 1 de Ceilândia, UBS 1 do Guará, UBS 1 do Núcleo Bandeirante, UBS 1 do Recanto das Emas, UBS 1 do Riacho Fundo, UBS 1 de São Sebastião.
Em caso de crise, é necessário buscar as unidades ou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo telefone 192, que também atende a situações de problemas cardiorrespiratórios.
*Com informações da SES