A obesidade é definida pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. De acordo com o órgão, uma pessoa com IMC (Índice de Massa Corporal) entre 25 e 29,9 kg/m2 pode ser diagnosticada com sobrepeso e quando maior ou igual a 30 kg/m2 é considerada obesa. Tais medidas já estão estabelecidas e servem de base para muitos estudos, porém há outro indicador de peso menos conhecido chamado de RCA (relação cintura/altura) ou RCE (relação cintura/estatura).
Enquanto o IMC usa como parâmetro a relação entre a estatura e o peso, o RCA é resultado da divisão da circunferência da cintura pela altura. Ou seja, o foco no segundo caso é o acúmulo de gordura na região abdominal e não no corpo como um todo.
Atualmente, a obesidade atinge 25,9% da população brasileira - cerca de 41,2 milhões de adultos são obesos, além de 4,1 milhões de adolescentes e 3,1 milhões de crianças, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde 2020, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para além da questão estética, a obesidade está relacionada a diversas doenças, como maior risco de diabetes, hipertensão arterial e problemas cardíacos. A associação entre peso e problemas de saúde cardiovasculares pode ser ainda maior quando a distribuição da gordura está concentrada na área abdominal, de acordo com um estudo desenvolvido por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Foi identificado que até mesmo pessoas fisicamente ativas e sem sobrepeso têm maior probabilidade de desenvolver distúrbios no coração quando os valores da RCA são próximos ao limite do risco.
Outra pesquisa brasileira realizada na UFBA (Universidade Federal da Bahia) aponta que os indicadores de obesidade abdominal são melhores para determinar risco coronariano elevado do que o IMC. Os valores de referência do RCA são: menor que 0,5 - baixo risco; entre 0,5 e 0,6 - risco aumentado; e maior que 0,6 - risco muito aumentado.
“A relação cintura altura tem prometido ser um método simples, de baixo custo e que não
depende do sexo, etnia ou idade do paciente para análise do risco de desenvolver
doenças cardíacas”, aponta a Dra. Lilian Kanda, endocrinologista.
Segundo a Dra. Kanda, que é mestre em Diabetes e Diabetes Gestacional e membro da ADA (American Diabetes Association), levar em consideração o índice RCA pode contribuir para uma vida mais saudável.
“Se você conseguir manter a circunferência da cintura abaixo da metade da altura, reduzirá o risco de doenças associadas à gordura abdominal, como acidente vascular cerebral, doenças cardíacas e diabetes”, afirma. Tal gordura também é chamada de gordura visceral por envolver o fígado e outros órgãos.
Ainda de acordo com a médica, a adoção deste padrão de medidas pode auxiliar quem busca pela perda de peso sem descuidar da saúde. “Não é somente o emagrecimento que importa, é o que se come”, diz ela, citando dietas ricas em fibras solúveis, proteínas em quantidade adequada e peixes e alimentos ricos em poli-insaturados, bem como a ingestão abundante de água.
Na busca pelo equilíbrio entre o peso ou o corpo que se almeja e a saúde, a endocrinologista também aconselha evitar gorduras trans, alimentos processados e embutidos; comer menos carboidratos de absorção rápida e mais alimentos que contenham probióticos. Por fim, ressalta que é preciso evitar o estresse, manter a qualidade do sono e a prática de atividade física em pelo menos 150 minutos por semana, de forma dividida.