A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta quinta-feira (6), por 10 votos a favor e nenhum contrário, a condução do diplomata Marcel Fortuna Biato para o cargo de embaixador no Cazaquistão e, cumulativamente, na República Quirguiz e no Turcomenistão. A indicação da Presidência da República ( MSF 8/2024 ) é relatada pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) e segue agora para análise do Plenário.
A embaixada brasileira no Cazaquistão também é responsável pela representação diplomática junto ao Quirguistão e ao Turcomenistão, países onde o Brasil não possui embaixada ou consulado instalado.
Nascido em Buenos Aires em 1958, Marcel Fortuna Biato estudou na Universidade Nacional Australiana e na Universidade de Brasília. É mestre em sociologia política pela Escola de Economia de Londres. Ingressou na carreira diplomática em 1981.
Atuou, no Brasil, na Divisão de América Meridional, no Departamento de Américas, e na Subsecretaria de Assuntos Políticos. Sua última lotação no Brasil, no período 2003 a 2010, foi na Assessoria Especial da Presidência da República.
No exterior, serviu na embaixada do Brasil em Londres, em Berlim Oriental, no Consulado-Geral em Berlim, na Missão Permanente do Brasil junto à ONU, em Nova York, e na embaixada em Havana.
Foi embaixador do Brasil em La Paz, na Bolívia, e representante permanente do Brasil junto à Agência Internacional de Energia Atômica e à Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, em Viena. Atualmente, é embaixador do Brasil em Dublin, capital da Irlanda.
Esperidião Amin, relator da indicação, ressaltou a importância da missão diplomática na embaixada do Cazaquistão e mencionou a riqueza mineral do país. O senador é integrante do grupo parlamentar do Congresso sobre os dois países. Ele também elogiou a carreira de Biato.
Em sua fala, o diplomata afirmou que o Cazaquistão, o Quirguistão e o Turcomenistão estão localizados em uma região de “grande importância geoestratégica” e têm ganhado importância cada vez maior com o avanço do processo de globalização.
— Ao mesmo tempo que é uma zona de crescente importância estratégica, também apresenta desafios globais que o Brasil não pode ignorar — afirmou.
Em relação, especificamente, ao Quirguistão e ao Turcomenistão, Biato afirmou que o comércio com o Brasil ainda “é muito pequeno” e há um “trabalho enorme” a se fazer para o avanço das relações comerciais.
Localizada na Ásia Central, a República do Cazaquistão tem população de 20 milhões de habitantes, dos quais 70% são cazaques, 15% são russos e os demais são de outras etnias. O país conta com as maiores reservas mundiais de zinco, tungstênio e barita.
As relações diplomáticas entre Brasil e Cazaquistão iniciaram-se em 1993, com a abertura da embaixada brasileira em 2006. O Cazaquistão era, até 2022, o maior parceiro comercial do Brasil na Ásia Central, tendo sido superado pelo Uzbequistão em 2023, ano em que o fluxo comercial entre os dois países movimentou US$ 121 milhões.
Os principais produtos exportados do Brasil para o Cazaquistão são máquinas não elétricas, ferramentas e aparelhos mecânicos, veículos rodoviários, pneus de borracha e tabaco. O Cazaquistão, por sua vez, fornece ao mercado brasileiro principalmente enxofre, produtos residuais de petróleo e elementos químicos inorgânicos.
A República Quirguiz é a segunda menor da Ásia Central em território e população. As relações diplomáticas com o Brasil iniciaram-se em 2003, mas não há embaixada brasileira no país.
O comércio bilateral ainda é bastante reduzido, tendo movimentado, em 2023, pouco mais de US$ 1 milhão, valor que corresponde quase integralmente a exportações brasileiras. Os principais produtos exportados pelo Brasil são frutas, alguns tipos de castanhas e óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos. Já os principais produtos importados são elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogênios.
O Turcomenistão tem cerca de 6 milhões de habitantes, dos quais mais de 90% são muçulmanos. O país possui a quinta maior reserva de gás natural do mundo.
O intercâmbio comercial entre Brasil e Turcomenistão movimentou US$ 14,1 milhões em 2023. Em 2021, esse valor foi consideravelmente maior por causa da venda, pela Embraer, de cinco aviões de treinamento Super Tucano, no valor de US$ 48 milhões.
Os principais produtos exportados para o Turcomenistão em 2023 foram carnes e miúdos de aves; equipamento mecânico para manuseio, elevação, guinchos e suas partes; explosivos e produtos pirotécnicos. Os principais produtos importados pelo Brasil foram adubos e fertilizantes químicos.