O montador de forro Francisco de Assis Pereira, 40 anos, mora há 17 anos no Trecho 3 do Sol Nascente/Pôr do Sol. O mesmo período em que vive na cidade foi o tempo que ele aguardou a chegada do pavimento em frente à sua casa. “Era muito buraco, lama e poeira. Era um transtorno. Quando dava chuva, era enxurrada e lamaceiro, quando no tempo da seca, era poeira. Mas finalmente a melhoria chegou para a gente aqui”, comemorou.
A mudança inspirou o morador a terminar a obra na própria casa. “A gente até anima para organizar as coisas da gente. Acho que nós merecemos, porque aqui vive um povo humilde e que sofre demais. Estou muito feliz, como todos os habitantes, com as melhorias que chegaram na cidade”, revela.
A rua em que Francisco mora é uma das muitas na região administrativa que receberam a nova infraestrutura que a cidade tem obtido com as obras tocadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) desde a criação da região administrativa, em agosto de 2019. Estão sendo investidos cerca de R$ 200 milhões para a construção das bacias e da rede de drenagem e da implantação de pavimentação, bloquetes – nas ruas mais estreitas – e calçadas. Os serviços se estendem pelos trechos 1, 2 e 3.
“O Trecho 3, especificamente, é o que está tendo mais investimento neste momento, mas o Trecho 2 foi o mais beneficiado na nossa gestão até aqui. Só que o Sol Nascente como um todo recebe investimento”, explica o secretário de Obras e Infraestrutura, Luciano Carvalho. “É um setor que a gente sabe da carência, mas a gente vem buscando fazer os investimentos. Hoje você anda pela cidade e vê as transformações.”
Até 2021, a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), que coletou dados entre maio e dezembro daquele ano, identificava 56,4% das moradias instaladas em ruas asfaltadas e pavimentadas, 48,2% em ruas com calçadas e 38,1% com drenagem de água da chuva. Atualmente, as áreas dos trechos 1 e 2 estão com a infraestrutura praticamente completa, enquanto o Trecho 3 está na fase de execução dos serviços.
Desafios
Por se tratar de uma cidade extensa, que surgiu em meio a uma invasão em Ceilândia e que continua em crescimento acelerado com mais de 93 mil habitantes, os serviços para a implantação de infraestrutura se tornam desafiadores. Para se ter uma ideia, no ano 2000, a região tinha pouco mais de 7 mil moradores. Em 2010, já eram 75 mil pessoas. Os projetos contratados precisaram ser alterados e melhorados para a realidade atual da cidade.
“Temos procurado fazer da melhor maneira possível e da forma mais rápida, com todas as dificuldades que uma obra de infraestrutura tem em uma cidade ocupada, como interferências de execução e problemas técnicos, que vamos vencendo e avançando na medida do possível”, destaca Luciano Carvalho.
Uma das primeiras adversidades que precisou ser vencida foi a execução dos serviços em meio a ruas muito estreitas. “As obras de infraestrutura já são de difícil execução, principalmente num setor que você tem alguns trechos onde as ruas são bastante apertadas e você tem que fazer rede de água pluvial para trazer a segurança que as pessoas precisam na hora da chuva. Mas a gente conseguiu adequar à realidade da cidade”, acrescenta.
Outro desafio envolveu as características da cidade, como a topografia com declives acentuados, o que faz com que seja necessário primeiro a construção de uma boa estrutura de captação de água para evitar alagamentos no período de chuvas. “Procuramos sempre começar a obra de trás pra frente. Ou seja, fazemos as bacias que vão receber a água, depois vamos subindo com a rede de drenagem e, posteriormente, vamos fazendo as pavimentações”, revela o titular da Secretaria de Obras e Infraestrutura.
A drenagem é fundamental também para a qualidade do pavimento. “O asfalto, por melhor que seja, se não tiver uma boa drenagem, não vai ter o resultado que se espera. As redes que fazemos atravessando as ruas e a cidade inteira e as valas que, às vezes, fazemos na porta do cidadão e do comércio, que trazem aquele inconveniente no primeiro momento, são o que trará depois a segurança e o benefício futuro”, completa o secretário Luciano Carvalho.
O local que antes foi considerado a maior favela do Brasil, se tornou a 32ª região administrativa do Distrito Federal em 2019, na gestão do governador Ibaneis Rocha. E assim, em meio a desafios e soluções, a realidade da população do Sol Nascente/Pôr do Sol se transforma a cada novo investimento levado pelo GDF desde então.
A dona de casa Débora Cardoso, 28 anos, é uma das moradoras que teve essa realidade mudada. A rua em que mora com a filha Maria Isis, no Trecho 3, acabou de ganhar bloquetes no lugar de terra. “Moro há mais de um ano aqui. Quando chovia, era só lama. A casa nunca ficava limpa, as crianças não podiam ficar brincando fora de casa. Depois que colocaram os bloquetes, ficou bem melhor. Agora as crianças podem brincar e andar de bicicleta e não sujam mais tanto a roupa e os sapatos”, lembra.
As melhorias na cidade, inclusive, fizeram a mulher repensar a ideia de retornar ao seu estado natal. “Melhorou 100%. Eu estava planejando voltar para Minas Gerais este ano, mas agora eu quero ficar aqui”, conta.