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Jornalismo comunitário atua contra "desertos de notícias
Entidades dizem que emissoras locais ajudam a reduzir esses desertos
10/08/2023 08h45
Por: Jornal Alternativa Fonte: Agência Brasil
© Joédson Alves/Agência Brasil

O trabalho e os investimentos em jornalismo comunitário e local, incluindo veículos digitais e rádios, tornam-se fundamentais para avançar contra os “desertos de notícias” no Brasil. Essa é a avaliação de entidades do campo da comunicação, após a divulgação doAtlas da Notícia, que mostrahaver26,7 milhões de pessoas que vivem em 2.712 cidades sem qualquer veículo de comunicação local .

Os dados do levantamento, entretanto, indicam ainda ter havido uma redução de 8,6% no número de cidades nessa situação, quando comparado ao ano passado. A pesquisa apontaque veículos digitais e rádios comunitárias são responsáveis por essa diminuição dos “desertos”.

"A liderança do segmentoonlineno universo do jornalismo local brasileiro é um caminho natural, que já vinha sendo observado pelas outras edições do Atlas e que se relaciona à crise do jornalismo impresso e à facilidade tecnológica para o lançamento de novas iniciativas digitais”, afirmaMaia Fortes, diretora executiva da Associação de Jornalismo Digital (Ajor). Ela explica que o crescimento é essencial para o fortalecimento da democracia e aumento da pluralidade do sistema informativo.

Maia Fortes acrescenta que a entidade participa de discussões e tem construído propostas para a criação de políticas públicas de fomento ao jornalismo. Para ela,um ponto que pode ajudar no financiamento do jornalismo é a remuneração de conteúdos pelasbig techs, pauta que está em debate em Brasília. “Somos signatários do documento PL nº 2370/2019, a respeito de remuneração do jornalismo por plataformas”. A diretora entende que é fundamental e deve promover pluralidade e contemplar profissionais.

Lacunas

Outro tipo de veículo que leva as “sementes” para reduzir os desertos de notícias são as rádios comunitárias. Para a jornalista Taís Ladeira, da Associação Mundial de Rádios Comunitárias no Brasil (Amarc), os veículos preenchem a ausência de comunicação comunitária e popular.

“A rádio comunitária também tem o papel de regionalização da produção, de falar sobre os problemas da sua comunidade para a própria comunidade”. Ela defende mais investimentos para esse tipo de rádio a fim deque os projetos que nascem com intenção de prestar serviço à sociedade tenham sustentabilidade. Além de mais incentivos e investimentos, a jornalista entende que é fundamental proporcionar parcerias não onerosas com universidades, por exemplo, para capacitar quem trabalha na rádio.

O presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço), Jeremias dos Santos, lembraque não há integração total do país e a rádio ainda faz o papel fundamental de proporcionar comunicação cidadã. “Hoje, quase 2mil municípios ainda não têm uma emissora comunitária. Então, depende do Estado brasileiro acelerar esse processo”. Para ele, são necessárias rádios em comunidades indígenas e quilombolas para levar serviços e reduzir a desinformação, por exemplo.

A experiência do servidor público Alan Camargo, que faz parte de uma associação comunitária no município de Sapiranga (RS), mantenedora da Rádio Ferrabraz, é a de defender a digitalização dessas rádios. Ele integra o movimento nacional de rádios comunitárias e atua com a capacitação de comunicadores, equipe técnica e movimentos sociais no sentido de fortalecer a radiodifusão comunitária.

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“O país vive em um novo momento. Precisamos digitalizar o rádio para dar espaçoa todos”. Camargo afirma que a digitalização do rádio no Brasil é a possibilidade de o paísamadurecer nessa tecnologia e “ampliar a comunicação social sem depender única e exclusivamente dasbig tecs”.

Coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Admirson Ferro Jr entende que o Estado deve facilitar e impulsionar a produção local de informações, mas as dificuldades passam pela falta de sustentabilidade dos negócios.

“É necessário habilitar a mídia alternativa no Brasil para ter direito a recursos de propaganda e de incentivos. Para isso, precisam estar no cadastro”. O dirigente avalia que esse cadastramento poderia ser mais facilitado, de forma mais prática e rápida, o que não acontece ainda.

O representante da FNDC exemplifica que as comunidades no Norte precisam estar cientes sobre degradação do meio ambiente. Essa divulgação, acredita, é de apoio às comunidades e deveria ser feitacom qualidade pela comunicação local e pública.